Rodrigo Vieira   |   24/03/2020 15:53   |   Atualizada em 24/03/2020 15:54

Comércio das 4 principais regiões deve perder R$ 25 bilhões

São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal entraram em quarentena, daí o motivo, diz CNC


Filip Calixto
José Roberto Tadros, presidente da CNC
José Roberto Tadros, presidente da CNC

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três Estados com o maior volume de vendas para o comércio, bens, serviços e Turismo brasileiros, e o Distrito Federal, regiões que respondem por 52% do faturamento anual do setor, devem somar R$ 25,3 bilhões em perdas na segunda metade deste mês. O motivo são as quarentenas decretadas pelos governos locais, causadas pela pandemia do novo coronavírus. Os dados são da CNC, que não contabiliza as perdas indiretas decorrentes da queda espontânea da movimentação dos consumidores nas lojas.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lamenta, mas reafirma o compromisso em seguir lutando pelo menor impacto possível ao setor. "O comércio, que vinha recuperando a confiança e tinha expectativa de expansão este ano, agora está registrando prejuízos que representam um desafio histórico para as empresas."

"A CNC já enviou ao governo federal um documento com sugestões de medidas que possam reduzir os impactos negativos da crise nas empresas, visando a manutenção dos empregos. Estamos buscando todas as soluções disponíveis para que os empresários possam enfrentar essa difícil conjuntura."

Só em São Paulo, onde o governo do Estado decretou fechamento de lojas em diversos segmentos de 20 de março a 5 de abril, a CNC estima que a perda no volume de vendas chegará a R$ 15,67 bilhões – uma retração de 29,9% em relação ao faturamento usual do setor.

No Distrito Federal, decreto semelhante entrou em vigor um dia e também se estende até 5 de abril, as perdas devem alcançar R$ 815,33 milhões (-30,7%), segundo a entidade. Os estabelecimentos comerciais de Minas Gerais, que deverão permanecer até 10 de abril, devem acumular queda de R$ 4,45 bilhões (-27,3%) no faturamento.

Já no Rio de Janeiro, a CNC projeta uma perda de R$ 3,60 bilhões no comércio, desde o início das restrições. No Rio, além do decreto do governo estadual recomendando o fechamento de shopping centers e reduzindo em 30% o horário de funcionamento dos estabelecimentos, a prefeitura da capital fluminense decidiu que, a partir desta terça-feira (24/3), todos os pontos comerciais especializados na venda de produtos não essenciais fechem as portas por tempo indeterminado.

PREVISÃO DE CRESCIMENTO DESCARTADA

A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de janeiro de 2020, divulgada nesta terça-feira (24/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou queda de 1% no volume de vendas do varejo em janeiro, na comparação com dezembro de 2019 – já computados os ajustes sazonais. De acordo com o economista da CNC Fabio Bentes, a retração, maior que a esperada para o primeiro mês do ano, representou o pior resultado mensal para meses de janeiro desde 2016 (-2,6%). "Esta queda já revelava uma certa fragilidade no processo de recuperação do consumo antes mesmo do surto de coronavírus", ressalta, lembrando que "os dados ainda não evidenciam a forte perda de atividade econômica verificada pelo setor a partir da intensificação da pandemia".

Diante desse cenário, a CNC, excepcionalmente, não apresentará, neste mês, projeções com base na PMC, como faz normalmente. No entanto, já é possível afirmar que a estimativa anterior da Confederação para 2020, de que o varejo cresceria 3,5% (+5,3% no varejo ampliado) está definitivamente descartada. "Teremos uma estimativa mais precisa tão logo seja possível detectar o impacto da crise atual sobre todos os condicionantes do consumo (mercado de trabalho, inflação, condições de crédito e confiança de consumidores e empresários)", afirma Bentes. "Há de se esperar uma significativa revisão das projeções quanto ao desempenho do varejo neste ano".

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