Macrotendências globais: as transformações do setor de Turismo
Mercado passa por uma transformação profunda e agentes e operadoras precisam ficar de olho

Uma das principais empresas globais de pesquisa de mercado, a Euromonitor International aponta que o mercado de Turismo passa por uma transformação profunda. O protagonista dessas mudanças é o próprio viajante, motivado por novos hábitos adquiridos como consumidor e "mal acostumado" com o alto nível de personalização que consegue encontrar com o consumo de forma geral no varejo.
Para agentes de viagens e operadoras, compreender essas macrotendências não é apenas uma questão de acompanhar o mercado, mas também de antecipar as demandas dos clientes e posicionar seus produtos de forma estratégica. Elas podem representar uma mudança de paradigma na forma como os viajantes escolhem, vivenciam e avaliam suas experiências de viagem.
Dados da Euromonitor International apontam que as vendaas globais em viagens e Turismo atingiram US$ 2,7 trilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 3,6 trilhões até 2029, demonstrando a força e o potencial do setor.
Experiências imersivas em alta
Fala-se muito na busca por experiências imersivas em Turismo e não é à toa. O acesso à informação está na palma da mão do consumidor, que não vê mais sentido em “viajar por viajar” e quer fazer valer suas férias longe do senso comum.
Portanto, experiências imersivas representam uma das transformações mais significativas no comportamento dos viajantes contemporâneos. Segundo a Euromonitor, essa tendência vai muito além da simples visita a pontos turísticos, englobando vivências culturais profundas e conexão genuína com comunidades locais.
No Brasil, essa demanda se reflete na crescente procura por roteiros que integram entretenimento, esportes, cultura e gastronomia, especialmente entre millennials e a Geração Z, que lideram essa busca por autenticidade.
Para muitas operadoras, essa já vem sendo uma oportunidade de reposicionar seus produtos. Em vez de vender apenas destinos, é preciso vender transformações. O turista moderno não quer apenas "conhecer" um lugar, mas sim "vivê-lo" de forma integral. Isso significa desenvolver parcerias com comunidades locais, artesãos, chefs regionais e guias especializados que possam oferecer acesso a experiências que não estão disponíveis no Turismo de massa.
Já o agente de viagens, nesse contexto, assume o papel de curador de experiências. Não basta mais conhecer hotéis e voos; é preciso entender os interesses profundos do cliente e conectá-los a vivências que marquem sua vida. Isso exige um alto nível de consultoria, no qual o profissional precisa fazer perguntas mais elaboradas, compreender motivações pessoais e desenhar roteiros que atendam não apenas às necessidades logísticas, mas também aos desejos emocionais e transformacionais do viajante. A personalização se torna, assim, uma competência essencial para o sucesso no mercado atual. E não custa lembrar: o bom agente de viagens, para ser de fato um especialista, precisa... viajar.
Viagens com propósito

Esta macrotendência ainda está no âmbito da busca por experiências. Os consumidores, sobretudo os pertencentes às novas gerações, têm uma consciência social e ambiental acentuada.
Dados da Booking.com revelam que 98% dos viajantes brasileiros desejam opções mais sustentáveis, sendo que 57% esperam incorporar a redução de desperdício em suas próximas viagens, seguido pela preocupação com a vida selvagem local e o consumo consciente de energia.
Para as operadoras brasileiras, essa tendência representa uma oportunidade de diferenciação significativa no mercado. Produtos que combinam Turismo com propósito social, como o ecoturismo na Amazônia, o Turismo comunitário no Nordeste ou experiências de conservação no Pantanal, ganham relevância estratégica. O papel do agente de viagens nesse cenário evolui para o de um consultor de impacto. É preciso compreender não apenas aonde o cliente quer ir, mas por que ele quer viajar e que tipo de legado deseja deixar ou qual experiência transformadora busca. Isso significa desenvolver conhecimento sobre projetos sociais nos destinos, iniciativas de conservação, Turismo regenerativo e experiências que permitam ao via - jante contribuir positivamente com as comunidades visitadas.
Viagens conectadas
Viagens conectadas representam a integração total da tecnologia na experiência de viagem, criando jornadas fluidas e personalizadas do planejamento ao retorno. Segundo a Euromonitor, essa conectividade vai além da simples digitalização, englobando a criação de ecossistemas integrados que antecipam necessidades, oferecem soluções em tempo real e personalizam cada etapa da jornada. Essa tendência se manifesta no crescimento exponencial do uso de inteligência artificial para planejamento de viagens, com ferramentas que oferecem sugestões personaliza - das de itinerários e soluções para imprevistos como atrasos de voos.
Para as operadoras, investir em tecnologia e conexão não é mais um diferencial, mas sim uma necessidade competitiva. Essas soluções não apenas otimizam o trabalho do agente de viagens, mas também elevam a experiência do cliente final, oferecendo informações detalhadas sobre destinos, atrações e regulamentações em tempo real e em vários idiomas. O agente de viagens moderno precisa abraçar essas ferramentas tecnológicas como extensões de sua expertise, não como ameaças.
Empoderamento do viajante

O empoderamento do viajante representa a culminação de todas as tendências anteriores, colocando o turista no centro absoluto da experiência de viagem. Essa macrotendência reflete a evolução do viajante de consumidor passivo para protagonista de sua jornada, com controle total sobre cada aspecto da experiência.
Segundo a Euromonitor, isso se manifesta na crescente demanda por personalização extrema, flexibilidade total e autonomia nas decisões de viagem. No Brasil, essa tendência se evidencia no crescimento das viagens solo, especialmente entre a Geração Z e millennials, e na busca por experiências sob medida que atendam a interesses pessoais muito específicos.
Para as operadoras, o empoderamento do viajante exige uma reformulação completa da abordagem de produto e atendimento. Em vez de oferecer pacotes padronizados, é preciso criar plataformas e processos que permitam ao cliente construir sua própria experiência. Já o agente de viagens evolui de vendedor para facilitador e consultor estratégico. O papel não é mais convencer o cliente a comprar um produto específico, mas sim empoderá-lo com informações, opções e ferramentas para que ele tome as melhores decisões para sua viagem.
Isso exige uma mudança fundamental na abordagem de vendas: em vez de apresentar soluções prontas, o agente de viagens precisa fazer as perguntas certas, oferecer cenários diversos e apoiar o cliente no processo de construção de sua experiência ideal.
O conteúdo é parte da Revista PANROTAS Especial Operadoras. Acesse na íntegra abaixo: