Rodrigo Vieira   |   30/07/2025 17:47
Atualizada em 01/08/2025 12:47

Macrotendências globais: as transformações do setor de Turismo

Mercado passa por uma transformação profunda e agentes e operadoras precisam ficar de olho


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Experiências imersivas estão em alta
Experiências imersivas estão em alta

Uma das principais empresas globais de pesquisa de mercado, a Euromonitor International aponta que o mercado de Turismo passa por uma transformação profunda. O protagonista dessas mudanças é o próprio viajante, motivado por novos hábitos adquiridos como consumidor e "mal acostumado" com o alto nível de personalização que consegue encontrar com o consumo de forma geral no varejo.

Para agentes de viagens e operadoras, compreender essas macrotendências não é apenas uma questão de acompanhar o mercado, mas também de antecipar as demandas dos clientes e posicionar seus produtos de forma estratégica. Elas podem representar uma mudança de paradigma na forma como os viajantes escolhem, vivenciam e avaliam suas experiências de viagem.

Dados da Euromonitor International apontam que as vendaas globais em viagens e Turismo atingiram US$ 2,7 trilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 3,6 trilhões até 2029, demonstrando a força e o potencial do setor.

Experiências imersivas em alta

Fala-se muito na busca por experiências imersivas em Turismo e não é à toa. O acesso à informação está na palma da mão do consumidor, que não vê mais sentido em “viajar por viajar” e quer fazer valer suas férias longe do senso comum.

Portanto, experiências imersivas representam uma das transformações mais significativas no comportamento dos viajantes contemporâneos. Segundo a Euromonitor, essa tendência vai muito além da simples visita a pontos turísticos, englobando vivências culturais profundas e conexão genuína com comunidades locais.

No Brasil, essa demanda se reflete na crescente procura por roteiros que integram entretenimento, esportes, cultura e gastronomia, especialmente entre millennials e a Geração Z, que lideram essa busca por autenticidade.

Para muitas operadoras, essa já vem sendo uma oportunidade de reposicionar seus produtos. Em vez de vender apenas destinos, é preciso vender transformações. O turista moderno não quer apenas "conhecer" um lugar, mas sim "vivê-lo" de forma integral. Isso significa desenvolver parcerias com comunidades locais, artesãos, chefs regionais e guias especializados que possam oferecer acesso a experiências que não estão disponíveis no Turismo de massa.

Já o agente de viagens, nesse contexto, assume o papel de curador de experiências. Não basta mais conhecer hotéis e voos; é preciso entender os interesses profundos do cliente e conectá-los a vivências que marquem sua vida. Isso exige um alto nível de consultoria, no qual o profissional precisa fazer perguntas mais elaboradas, compreender motivações pessoais e desenhar roteiros que atendam não apenas às necessidades logísticas, mas também aos desejos emocionais e transformacionais do viajante. A personalização se torna, assim, uma competência essencial para o sucesso no mercado atual. E não custa lembrar: o bom agente de viagens, para ser de fato um especialista, precisa... viajar.

Viagens com propósito

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Consumidores, sobretudo os pertencentes às novas gerações, têm uma consciência social e ambiental acentuada
Consumidores, sobretudo os pertencentes às novas gerações, têm uma consciência social e ambiental acentuada

Esta macrotendência ainda está no âmbito da busca por experiências. Os consumidores, sobretudo os pertencentes às novas gerações, têm uma consciência social e ambiental acentuada.

Dados da Booking.com revelam que 98% dos viajantes brasileiros desejam opções mais sustentáveis, sendo que 57% esperam incorporar a redução de desperdício em suas próximas viagens, seguido pela preocupação com a vida selvagem local e o consumo consciente de energia.

Para as operadoras brasileiras, essa tendência representa uma oportunidade de diferenciação significativa no mercado. Produtos que combinam Turismo com propósito social, como o ecoturismo na Amazônia, o Turismo comunitário no Nordeste ou experiências de conservação no Pantanal, ganham relevância estratégica. O papel do agente de viagens nesse cenário evolui para o de um consultor de impacto. É preciso compreender não apenas aonde o cliente quer ir, mas por que ele quer viajar e que tipo de legado deseja deixar ou qual experiência transformadora busca. Isso significa desenvolver conhecimento sobre projetos sociais nos destinos, iniciativas de conservação, Turismo regenerativo e experiências que permitam ao via - jante contribuir positivamente com as comunidades visitadas.

Viagens conectadas

Viagens conectadas representam a integração total da tecnologia na experiência de viagem, criando jornadas fluidas e personalizadas do planejamento ao retorno. Segundo a Euromonitor, essa conectividade vai além da simples digitalização, englobando a criação de ecossistemas integrados que antecipam necessidades, oferecem soluções em tempo real e personalizam cada etapa da jornada. Essa tendência se manifesta no crescimento exponencial do uso de inteligência artificial para planejamento de viagens, com ferramentas que oferecem sugestões personaliza - das de itinerários e soluções para imprevistos como atrasos de voos.

Para as operadoras, investir em tecnologia e conexão não é mais um diferencial, mas sim uma necessidade competitiva. Essas soluções não apenas otimizam o trabalho do agente de viagens, mas também elevam a experiência do cliente final, oferecendo informações detalhadas sobre destinos, atrações e regulamentações em tempo real e em vários idiomas. O agente de viagens moderno precisa abraçar essas ferramentas tecnológicas como extensões de sua expertise, não como ameaças.

Empoderamento do viajante

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Viagens conectadas representam a integração total da tecnologia na experiência de viagem, criando jornadas fluidas e personalizadas do planejamento ao retorno
Viagens conectadas representam a integração total da tecnologia na experiência de viagem, criando jornadas fluidas e personalizadas do planejamento ao retorno

O empoderamento do viajante representa a culminação de todas as tendências anteriores, colocando o turista no centro absoluto da experiência de viagem. Essa macrotendência reflete a evolução do viajante de consumidor passivo para protagonista de sua jornada, com controle total sobre cada aspecto da experiência.

Segundo a Euromonitor, isso se manifesta na crescente demanda por personalização extrema, flexibilidade total e autonomia nas decisões de viagem. No Brasil, essa tendência se evidencia no crescimento das viagens solo, especialmente entre a Geração Z e millennials, e na busca por experiências sob medida que atendam a interesses pessoais muito específicos.

Para as operadoras, o empoderamento do viajante exige uma reformulação completa da abordagem de produto e atendimento. Em vez de oferecer pacotes padronizados, é preciso criar plataformas e processos que permitam ao cliente construir sua própria experiência. Já o agente de viagens evolui de vendedor para facilitador e consultor estratégico. O papel não é mais convencer o cliente a comprar um produto específico, mas sim empoderá-lo com informações, opções e ferramentas para que ele tome as melhores decisões para sua viagem.

Isso exige uma mudança fundamental na abordagem de vendas: em vez de apresentar soluções prontas, o agente de viagens precisa fazer as perguntas certas, oferecer cenários diversos e apoiar o cliente no processo de construção de sua experiência ideal.

O conteúdo é parte da Revista PANROTAS Especial Operadoras. Acesse na íntegra abaixo:

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