Como adaptar os programas de viagens corporativas à alta dos preços? Veja seis estratégias
Custos vão subir e os programas de viagens precisam de estratégias que resistam às oscilações do mercado

De acordo com o estudo 2026 Global Business Travel Forecast, realizado pela CWT e pela GBTA e divulgado durante a Convenção GBTA 2025, realizada nesta semana em Denver (EUA), os preços nas viagens corporativas devem continuar aumentando em 2026, mas de forma moderada.
Em um ambiente marcado por incertezas e volatilidade, os programas de viagens precisam de estratégias que resistam às oscilações do mercado e que também consigam responder rapidamente às oportunidades que surgirem. Mas quais seriam essas estratégias? O levantamento da GBTA traz seis dicas, confira abaixo:
1. Adaptar os programas de viagens regionalmente
Programas de viagens globais precisarão ser adaptados regionalmente, com atenção às categorias e às nuances locais. Compradores que tentarem aplicar uma abordagem única e padronizada sairão em desvantagem. Será fundamental construir orçamentos e volumes por categoria e por região, para liberar vantagens na negociação de preços.
2. Demonstrar o valor do programa de viagem
Neste momento do ciclo econômico global, há oportunidades para os compradores mostrarem como podem usar seus volumes junto aos fornecedores-chave para obter descontos. Será possível negociar acordos ou tetos tarifários em troca de compromissos de volume. A adesão total à política de viagens dentro da organização é fundamental. Os compradores devem entender bem seus dados e o valor do programa que gerenciam.
3. Incluir flexibilidade na política de viagem
Cláusulas de flexibilidade nos contratos serão cruciais caso os preços venham a cair. Realizar benchmarking regularmente (no mínimo a cada trimestre) é vital, dada a incerteza econômica e a volatilidade. É importante monitorar indicadores-chave, como preços do petróleo, mudanças na capacidade e índices de preços ao consumidor, para que os compradores possam se manter bem informados e reagir rapidamente.
4. Apostar em novas oportunidades
Flutuações cambiais podem permitir que empresas que utilizam o euro ou a libra esterlina se beneficiem de ganhos frente ao dólar americano ou em relação a moedas atreladas ao dólar, como as de países do Oriente Médio e da Ásia. As tarifas de voos transatlânticos podem ser impactadas por novas incertezas tarifárias dos EUA. A queda nas tarifas na América do Norte pode influenciar o mercado intra-europeu, afetando os preços também por lá.
5. Otimizar as viagens corporativas
Combinar diferentes propósitos em uma mesma viagem pode gerar mais valor. É importante considerar alternativas virtuais quando necessário e incentivar viagens multiuso — que integrem visitas a clientes, reuniões internas e treinamentos em uma única jornada. Evite viagens de um dia, a menos que sejam realmente essenciais.
6. Revisar as táticas de negociação
Em vez de depender apenas de contratos fixos anuais, os gestores de viagens devem considerar a inclusão de revisões periódicas de desempenho ou benchmarking de mercado durante a vigência dos contratos. Outra estratégia é negociar contratos de longo prazo com cláusulas de flexibilidade embutidas, permitindo ajustes com base nas condições de mercado ou no desempenho do fornecedor.
Agilidade é a palavra da vez em 2026
O crescimento nos preços foi normalizado e agora se estabilizou, com as empresas ajustando seus orçamentos de viagem a uma base de custos mais alta, que sobe trimestre a trimestre, às vezes até acima da inflação. O desafio será adotar uma nova estratégia caso os preços caiam em determinados mercados, rotas ou categorias de gasto — especialmente porque essas quedas podem ocorrer de forma irregular ou imprevisível.
Veja outras tendências globais identificadas pelo estudo da CWT e da GBTA:
Temores de recessão
Os primeiros sinais de uma possível desaceleração já estão aparecendo — embora de forma pontual — após um período de demanda por viagens corporativas bastante intensa desde a covid-19. Uma recessão global prejudicaria as viagens corporativas, forçando os compradores a reduzirem categorias ou padrões de viagem. Por outro lado, também aumentaria o poder de barganha dos compradores com orçamentos sólidos. Uma crise atingiria especialmente as companhias aéreas tradicionais, enquanto impulsionaria o negócio das low-costs e conteria o crescimento de preços, à medida que os consumidores de lazer, mais sensíveis a preço, deixariam de viajar.
Compradores com mais poder de negociação
O mercado tem sido favorável aos fornecedores nos últimos anos, mas os compradores estão começando a ganhar mais poder de negociação e influência sobre os preços, ainda que de forma modesta. Os fornecedores continuam lidando com custos operacionais elevados e contam com ferramentas como gestão de receita e capacidade controlada para equilibrar oferta e demanda. A era dos grandes descontos negociados em troca de volumes estimados não deve voltar. No entanto, surgirão novas oportunidades de negociar benefícios não tarifários, como acesso a salas VIP, embarque prioritário e pacotes corporativos personalizados.
Sustentabilidade no centro das atenções
Muitas empresas na Europa e em outras regiões terão que reportar emissões pela primeira vez em 2025, conforme a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia. Isso inclui metas de redução de emissões de carbono até 2026, com mais de 50 mil empresas sujeitas à diretiva. Definir metas e melhorar as políticas de viagem sustentável fará parte da estratégia corporativa. Iniciativas que sejam sustentáveis e, ao mesmo tempo, gerem economia — como a substituição de voos por trens de alta velocidade — serão priorizadas. Cresce também, dentro da indústria, a discussão sobre quem deve arcar com os custos dos investimentos em sustentabilidade: o fornecedor, o setor como um todo, os governos ou os próprios compradores corporativos? Fica o questionamento.
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