Rodrigo Vieira   |   06/08/2025 13:13

Bonito e Butão, exemplos de Turismo como vetor estratégico para desenvolvimento

Apresentação no Seminário de Turismo Responsável mostra os cases do destino brasileiro e asiático

Grupo Rio da Prata
Bonito (MS) é um exemplo de destino sustentável global
Bonito (MS) é um exemplo de destino sustentável global

O Turismo deve ser tratado como vetor estratégico para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e institucional. Durante o Seminário de Turismo Responsável realizado nesta terça pela CNC, em Brasília, a consultora sênior do Centro Brasil do Clima, Fernanda Westin, deu argumentos e casos práticos suficientes para a compreensão da importância de nossa indústria em todas essas frentes.

Fernanda Westin enfatizou que o Turismo sustentável deve contribuir para a preservação ambiental, respeitar as culturas locais e ser inclusivo, ao mesmo tempo que gera emprego e renda, apoiando a economia local. "Deve também pensar na sustentabilidade financeira das atividades turísticas a longo prazo", destacou.

Reprodução
Fernanda Westin, consultora sênior do Centro Brasil do Clima
Fernanda Westin, consultora sênior do Centro Brasil do Clima

Planejamento inclusivo e participação comunitária

A especialista ressaltou que a responsabilidade pelo Turismo sustentável é compartilhada entre comunidade, governos, turistas e parceiros como ONGs. "Não adianta só planejar um destino sem envolver a comunidade local, sem ter essa capacitação dos agentes envolvidos, os guias que devem ser certificados", apontou Fernanda.

Neste sentido, o respeito às comunidades locais é fundamental para evitar conflitos. "Quando um turista visita uma localidade e não conhece a cultura local, você já vê xenofobia da comunidade com o turista. 'Esse cara vem aqui, usa os recursos, suja a minha praia, faz barulho e vai embora'", exemplificou.

Sustentabilidade além da alta temporada

Westin destacou que a importância da sustentabilidade vai muito além da infraestrutura turística e da geração de renda imediata. "Tem que pensar como essa geração pode ser duradoura, permanente, não só nos períodos de alta temporada", explicou. A consultora questionou como as comunidades que dependem da atividade turística podem manter suas atividades fora da alta temporada.

Para alcançar essa sustentabilidade, a especialista apontou elementos essenciais: planejamento estratégico contínuo, crescimento econômico contemplando conservação ambiental, políticas públicas integradas com visão de futuro, responsabilidade social, valorização da cultura local, inclusão social e capacitação profissional.

Bonito (MS): controle e certificação

A consultora apresentou Bonito (MS) como exemplo de Turismo sustentável, destacando que o destino brasileiro possui estratégias específicas de controle dos atrativos naturais, com número limitado de visitantes por dia e agendamento prévio. "Existe um sistema onde as agências operadoras sabem qual é o fluxo da região e o que fazer", explicou.

Fernanda Westin destacou que em Bonito os moradores atuam como guias e condutores de trilhas, há cobrança de taxas ambientais reinvestidas na conservação, e o destino se tornou carbono neutro por meio de parcerias com empresas aéreas para mitigar emissões dos voos.

No entanto, a especialista também apontou desafios do destino, como o impacto de receber mais de 30 mil turistas apenas em julho de 2024. "Como fica o local com esse volume de pessoas? Como fica o trânsito, o saneamento, o abastecimento de água?", questionou.

Butão e a felicidade interna bruta

Unsplash/Aaron Santelices
Butão é um dos principais exemplos em sustentabilidade no Turismo
Butão é um dos principais exemplos em sustentabilidade no Turismo

Em outro exemplo, Fernanda Westin apresentou o Butão, que cobra taxa diária obrigatória de cerca de US$ 100 para estrangeiros, valor que inclui hospedagem, alimentação, guia local e contribuições para educação e saúde pública. "O Turismo no Butão envolve a comunidade local, onde o dinheiro arrecadado vai para a educação, as escolas", destacou.

A consultora ressaltou que o país utiliza o conceito de "felicidade interna bruta" como indicador de progresso, medindo através de questionários o bem-estar psicológico da comunidade, saúde, educação, consciência ambiental e qualidade de vida. "Isso é uma coisa interessante, pois o Turismo pode ser motivo de aumento de violência. Como a comunidade local se sente protegida?", questionou.

Educação e capacitação

Ela defendeu a importância da educação e capacitação das comunidades locais, citando como exemplo a necessidade de ensino de idiomas. "A gente vai à Europa, o porteiro, o motorista, todos sabem falar inglês. E no Brasil? Você chega no aeroporto, quer uma informação, quem sabe falar inglês?", comparou a especialista.

A consultora encerrou sua apresentação destacando a importância da transparência na gestão do Turismo, com publicação de dados sobre geração de renda e sua distribuição, além da necessidade de integração entre setores público, privado e sociedade civil.

Assista à transmissão ao vivo do seminário no canal oficial da TV CNC no YouTube


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