No Dia Mundial do Turismo, Abeta destaca agenda brasileira para COP30
Celebração global acontece às vésperas da COP30, em Belém, e coloca o Brasil no centro do debate

O Dia Mundial do Turismo deste ano, celebrado hoje, terá um significado importante para o Brasil, que sedia a 30ª edição Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) em novembro, em Belém do Pará.
Registrando recordes de turistas internacionais e de visitantes em parques nacionais, o País terá a oportunidade de pautar a preservação ambiental, a qualificação do setor, a valorização cultural e o Turismo de base comunitária como ferramentas de desenvolvimento econômico.
O evento vai reunir líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil em plena Amazônia, no coração da maior floresta tropical do planeta e símbolo tanto de esperança quanto da urgência climática. É nesse contexto que o turismo será discutido, na agenda do primeiro dia do evento, como atividade com enorme potencial para contribuir com sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Apesar das ações, especialistas demonstram preocupação com o nível de preparação do governo federal para o debate. No início do mês, durante a palestra que abriu Abeta Summit 2025, o maior congresso de ecoturismo e turismo de aventura do país, a pesquisadora do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade e doutoranda no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília Jaqueline Gil levantou importantes questões sobre o papel do país no atual momento.

“A influência e a experiência do Brasil poderão acelerar as tratativas de integração das políticas de turismo às climáticas. Definir as diretrizes para a adaptação do turismo às prescrições climáticas, às metas, aos indicativos de governabilidade e, principalmente, o acesso a recursos financeiros, científicos e tecnológicos, pode estar em jogo. Para isso, no entanto, é necessário uma estratégia e um plano de ação liderados pelo governo, em parceria com a ONU e com apoio das lideranças da sociedade civil e da academia, do Brasil e dos principais negociadores climáticos e representantes setoriais”, afirma Gil.
Sustentabilidade
Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), a previsão é que a área movimente US$167,6 bilhões no Brasil em 2025, o equivalente a 7,7% do PIB nacional, sustentando 8,2 milhões de empregos. Segundo a estimativa, esse número pode chegar a US$199 bilhões no final da década.
“As pesquisas indicam que há uma demanda crescente de viajantes por práticas sustentáveis, e a busca por experiências que respeitem as culturas locais e contribuam para o bem-estar das populações anfitriãs”, explica o diretor-executivo da Abeta - Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, Luiz Del Vigna. “O momento é chave para planejarmos o turismo brasileiro como referência de impacto positivo, e utilizar a nossa biodiversidade e sua preservação como ativo estratégico para o futuro”.
Ele cita o fortalecimento do turismo comunitário na Amazônia como exemplo. Na Ilha de Marajó, a Fazenda São Jerônimo, associada da Abeta, é um empreendimento familiar que trabalha desde o final dos anos 80 com resgate cultural, agroecologia e recuperação ambiental, e promove experiências únicas de ecoturismo no coração da Amazônia paraense.
Engajada à ideia de ciência cidadã e de ‘conhecer para conservar’, oferece os famosos passeios de búfalo, observação de pássaros e animais, passeios pelo mangue e a valorização do modo de vida marajoara, com a venda de produtos gastronômicos e de artesanato que promovem a valorização, conservação e geração de renda para a população local. A Fazenda é finalista do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025, que reconhece iniciativas que fazem do turismo um agente de transformação.