Beatrice Teizen   |   18/05/2020 13:42

Por que o Brasil atrai menos eventos do que a Argentina?

Argentina ultrapassou o País e foi apontada como o principal país da América Latina para eventos

A Icca (Associação de Congressos e Convenções Internacionais) anunciou na semana passada que foram realizados 13.254 encontros rotativos em 2019, um número recorde e a maior taxa anual já registrada, com um aumento de 317 em relação ao ano passado.

Unsplash/Odair Faléco
Cidade de São Paulo não figura entre as top 20 cidades do ranking da Icca
Cidade de São Paulo não figura entre as top 20 cidades do ranking da Icca
A Argentina figurou, pela primeira vez, como o destino número um para conferências internacionais na América Latina, ficando na 18ª posição, com 214 reuniões realizadas e superando o Brasil (20ª lugar, com 209 eventos catalogados) e o México.

O avanço da Argentina, que estava ano passado na 19ª posição, ocorreu mesmo com o fato de que em 2019 o país sediou menos eventos internacionais do que em 2018 – foram 214 versus 232 –, embora tenha hospedado 18% dos congressos que ocorrem na região. Buenos Aires também apareceu no top 20, ocupando o 11º lugar no ranking de cidades que mais realizaram eventos da Icca, com 127 encontros registrados em 2019.
Divulgação
Eduardo Murad, da Alagev
Eduardo Murad, da Alagev

BRASIL EM QUEDA
O Brasil caiu três posições no ranking deste ano. Em 2019, o País figurou no 17º lugar, registrando 233 eventos realizados. A queda significativa acabou fazendo com que a Argentina ultrapassasse e fosse apontada como o principal país da América Latina para Mice.

“Levando em consideração que a cidade de Buenos Aires é responsável pela captação de quase 60% desses eventos, a capital argentina aparece como a 11ª na lista das top 20 cidades que mais receberam eventos internacionais e, São Paulo, que é a cidade que mais recebe os eventos de fora, nem aparece nesse rol. Existe uma competição muito grande entre os principais destinos e o Brasil está perdendo a atratividade”, afirma o diretor executivo da Alagev, Eduardo Murad.

Para Murad, que vê a promoção do destino Brasil muito focada nos atrativos turísticos, é necessário trabalhar fortemente na atração do País como um destino plural para a realização de eventos, com um potencial enorme de destinos e equipamentos.

Divulgação
Alexis Pagliarini, da Ampro
Alexis Pagliarini, da Ampro
“O Brasil acaba de ser superado pela Argentina no ranking da América Latina. Um dos motivos pode ser a imagem do País no Exterior. Infelizmente, hoje, quando nos revelamos brasileiros, a reação é uma expressão de preocupação. Podemos atribuir aos aspectos de segurança, mas certamente é inescapável reconhecer uma atuação errática do governo brasileiro, no que diz respeito às relações exteriores e aos posicionamentos exóticos dos nossos atuais representantes maiores”, diz o presidente executivo da Ampro, Alexis Pagliarini.

O executivo também aponta para a falta de foco na promoção do Brasil no Exterior. Segundo Pagliarini, pelos recursos naturais e estrutura hoteleira e profissional nos grandes centros, o País deveria estar atraindo muito mais eventos.

“Temos hoje um câmbio que favorece o País na atração de eventos. É preciso encarar o mercado Mice como um dos principais na geração de riqueza e empregos e estabelecer uma política consistente na promoção deste Turismo. Algo que não se vê há muito no Brasil", finaliza.

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