GBTA aponta queda no otimismo nas viagens corporativas com impacto das políticas dos EUA
Estudo mostra redução no volume de viagens, preocupação com segurança e realocação de eventos fora do país

À medida que as ações do governo dos Estados Unidos remodelam o cenário global, o setor de viagens corporativas continua a lidar com a crescente incerteza e uma série de mudanças de estratégias para o restante do ano de 2025. Isso é o que aponta uma nova pesquisa da GBTA, realizada agora em julho.
O otimismo na indústria segue em declínio, com mais empresas que enviam funcionários para viagens a trabalho, prevendo redução no volume de deslocamentos e nos gastos, especialmente em viagens internacionais.
Além disso, quase metade dos fornecedores globais agora prevê perdas de receita (contra 37% há três meses), enquanto mais organizações estão cancelando ou transferindo reuniões dos EUA e/ou migrando para formatos virtuais. Avanços nas políticas dos EUA – como tarifas comerciais, restrições de entrada e recomendações transfronteiriças – estão levando as empresas a reavaliar seus planos de viagens, restringir orçamentos e explorar mercados fora do país.
O estudo da GBTA, divulgado nesta quarta-feira (16), monitora o sentimento e o impacto das ações do governo de Donald Trump em viagens a negócios. Essas descobertas revelam algumas mudanças em andamento, bem como novas e notáveis, desde a pesquisa inicial da entidade, realizada em abril deste ano.
“A pesquisa mostra que o setor de viagens corporativas, os programas e os profissionais estão se adaptando ativamente às mudanças geopolíticas e à evolução das políticas dos EUA. Embora a demanda geral permaneça resiliente, os resultados ressaltam como a incerteza econômica e as ações do governo dos EUA continuam gerando efeitos em cascata no cenário global de viagens”
Suzanne Neufang, CEO da GBTA
Aqui estão algumas das principais conclusões resultantes destas medidas recentes:
Preocupações com a receita dos fornecedores aumentam
- Mostrando uma divergência nas perspectivas de gastos e receitas, quase metade (48%) dos fornecedores espera uma queda na receita de viagens corporativas, com uma queda média de 17% (contra 18% em abril).
- Esse número representa um aumento significativo em relação aos 37% registrados em abril, com os fornecedores de hospedagem sendo os mais preocupados, já que mais da metade (58%) prevê queda na receita.

Perspectiva de volume de viagens reduz; internacional mais vulnerável
- Um terço dos compradores (34%, um ligeiro aumento em relação aos 29% em abril) continua a esperar que o número de viagens corporativas realizadas em suas empresas diminua em 2025, como resultado das ações do governo dos EUA. Entre aqueles que esperam uma queda neste ano, há pouca mudança na redução média de volume prevista (19%, contra 21% em abril).
- As viagens corporativas internacionais têm maior probabilidade de serem impactadas do que as viagens domésticas. Metade dos entrevistados (49%) espera uma queda em suas viagens corporativas internacionais, contra 23% para as domésticas/intra-regionais – citando reduções previstas, em média, de 19% e 21%, respectivamente.
Impacto nos gastos continua preocupante
- A perspectiva de gastos com viagens corporativas permaneceu relativamente estável em comparação com três meses atrás – com um terço dos compradores (31%, contra 27% em abril) prevendo queda nos gastos com viagens corporativas de suas empresas (17% em média, ante 20% em abril).
Divergência no otimismo de players
- A confiança para o restante de 2025 permanece contido, tanto global quanto regionalmente. O otimismo do setor caiu ligeiramente para 28%, ante 31% em abril, e significativamente menor do que em novembro de 2024, quando atingiu 67%. As quedas no otimismo são particularmente significativas na região Ásia-Pacífico (27%, ante 40% em abril).
- O otimismo dos gestores de viagens corporativas do lado buyer permaneceu relativamente consistente (29%, contra 28% em abril), enquanto o otimismo dos fornecedores e das TMCs caiu vários pontos, para 27% (contra 36% em abril).
Preocupações crescentes com segurança, orçamentos e disposição para viajar
- As duas principais preocupações de longo prazo citadas pelos entrevistados permaneceram as mesmas, incluindo maiores custos de viagem (55% contra 54% em abril) e maiores encargos administrativos (47% contra 46% em abril).
- No entanto, as preocupações aumentaram nas áreas de segurança e duty of care (46%) e detenções na fronteira (31%), ambas com alta de 9 pontos percentuais desde abril. Os cortes orçamentários (44%) e a diminuição da disposição de funcionários não norte-americanos de viajar para os EUA (41%) aumentaram 4 pontos percentuais de abril a julho.
Reuniões canceladas, realocadas e virtuais – em alta
Como resultado das ações do governo dos EUA, houve um aumento generalizado de abril a julho no número de compradores globais de viagens que afirmam ter:
- cancelado reuniões nos EUA (18%, acima dos 13%) ou eventos (17%, acima dos 10%);
- realocado reuniões (13%, acima dos 8%) ou eventos (12%, acima dos 6%) fora dos EUA;
- cancelado o envio de funcionários para eventos nos EUA (20%, acima dos 10%);
- transferido reuniões ou eventos para o formato on-line (24%, acima dos 19%).
As empresas estão buscando novos parceiros comerciais fora dos EUA?
- Um terço (35%) dos profissionais do setor não residentes nos EUA afirmam que sua organização está viajando ou planeja viajar a negócios para se reunir com potenciais novos parceiros comerciais ou fornecedores fora dos EUA.
- Europa e Ásia-Pacífico são as principais regiões para empresas que buscam novos parceiros comerciais fora dos EUA, segundo 70% e 53% dos entrevistados, respectivamente.
Quando o impacto se torna pessoal
- Um em cada cinco compradores de viagens em todo o mundo (18%) afirma que funcionários recusaram viagens de negócios aos EUA devido a preocupações relacionadas a ações do governo norte-americano.
- Mais de um terço dos entrevistados globais (35%) agora afirmam conhecer pessoalmente alguém cuja viagem foi afetada por mudanças nas políticas dos EUA — um aumento em relação aos 23% de abril.
O levantamento de julho entrevistou 950 gestores de viagens corporativas, fornecedores, TMCs e outros intermediários em quatro regiões e 45 países.