Filip Calixto   |   30/09/2025 21:40
Atualizada em 30/09/2025 21:41

Associação Profissão Agente rebate fala de Renato Kido e cobra ação de autoridades

Entidade reforça prejuízos das agências e cobra do poder público medidas concretas contra a ViagensPromo

Arquivo Pessoal
Fabiano Paré, sócio-proprietário da TOP Travel & Business, do Rio Grande do Sul, e presidente da Associação Profissão Agente
Fabiano Paré, sócio-proprietário da TOP Travel & Business, do Rio Grande do Sul, e presidente da Associação Profissão Agente

O ressurgimento público de Renato Kido, fundador da ViagensPromo, em e suas falas recentes, não convenceu parte do trade.

Para Fabiano Falcão Paré, sócio-proprietário da TOP Travel & Business, do Rio Grande do Sul, e presidente da Associação Profissão Agente, as declarações do executivo soam como tentativa de suavizar uma crise que, meses depois, continua deixando centenas de agências de viagens sem resposta, sem reembolso e sem perspectiva de solução concreta.

Fabiano lembra que sua própria empresa sofreu um impacto direto: 88 contratos prejudicados e R$ 500 mil em perdas, muitos ainda sem reparação. "Assumimos o prejuízo, lidamos com clientes insatisfeitos e tivemos que buscar alternativas enquanto a ViagensPromo permanecia inacessível", afirma.

Segundo ele, a versão de Kido sobre "casos resolvidos" e devoluções parciais não corresponde à realidade enfrentada pelo setor. "As cartas de chargeback não serviram para muitos agentes, os processos judiciais não avançam porque a empresa não é notificada e, enquanto isso, colegas acumulam dívidas ativas", critica.

Paré também destaca que a crise impulsionou a criação da Associação Profissão Agente, que nasceu da união de profissionais lesados para pressionar por mudanças. Ele foi o único representante presente em todas as audiências públicas sobre o tema, viagem viabilizada por meio de vaquinhas feitas por colegas.

“Foi um esforço coletivo, porque sabíamos da importância de dar voz às agências nesse debate. Mas até hoje, mesmo após reuniões com deputados e parlamentares, nenhuma medida concreta foi adotada”

Fabiano Falcão Paré, sócio-proprietário da TOP Travel & Business, do Rio Grande do Sul, e presidente da Associação Profissão Agente

O dirigente ainda faz críticas à postura de órgãos públicos e do próprio mercado. Segundo ele, Ministério do Turismo, Embratur, Procons, Ministério Público e Judiciário têm se mostrado inertes. “Seis meses se passaram e não houve bloqueio de bens, responsabilização dos envolvidos ou definição de um cronograma de ressarcimento. Esse silêncio é inaceitável".

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O dirigente ainda faz críticas à postura de órgãos públicos e do próprio mercado. Segundo ele, Ministério do Turismo, Embratur, Procons, Ministério Público e Judiciário têm se mostrado inertes
O dirigente ainda faz críticas à postura de órgãos públicos e do próprio mercado. Segundo ele, Ministério do Turismo, Embratur, Procons, Ministério Público e Judiciário têm se mostrado inertes

Na avaliação de Fabiano, também é “leviano” transferir às próprias agências a responsabilidade pelo fracasso das tratativas diante do colapso da ViagensPromo.

“Houve desunião, como historicamente acontece no setor, mas muitos colegas seguem firmes. Não cabe a Kido usar isso como desculpa.”

A Associação Profissão Agente reforça que continuará exigindo publicação transparente da lista de credores, cronograma real de devolução dos valores, bloqueio de bens e criação de mecanismos legais que protejam agentes e consumidores em caso de falências de operadoras. “O setor não pode ser refém de discursos vazios, impunidade e descaso institucional”, finaliza Fabiano.

Nota oficial da Associação Profissão Agente na íntegra

O reaparecimento de Renato Kido, fundador da ViagensPromo, em entrevista recente ao Panrotas, reacende a indignação de agentes de viagens que foram vítimas do colapso da operadora. Mais de seis meses após o ocorrido, milhares de agências continuam sem reembolsos, sem respostas claras e sem conseguir localizar o executivo para intimações judiciais, acumulando prejuízos financeiros e desgaste emocional significativos.

As declarações de Kido, tentando apresentar uma narrativa de “resolução de casos” e devolução parcial de recursos, não correspondem à realidade das agências. Alegações de vitórias judiciais e chargebacks não refletem a situação de muitos profissionais que permanecem à deriva, sem cronogramas, sem transparência e sem qualquer solução concreta.

Diante do colapso da ViagensPromo, nasceu a Associação Profissão Agente, criada para apoiar as agências prejudicadas e assumir protagonismo no debate público sobre a proteção do agente de viagens. Fabiano Paré, presidente da Associação e sócio-proprietário da TOP Travel & Business, foi o único representante presente em todas as audiências públicas realizadas sobre o tema, graças ao esforço coletivo dos agentes de viagens que acreditaram em seu trabalho e, por meio de vaquinhas, financiaram as despesas para que ele pudesse representá-los nas audiências. Paré relata que sua própria empresa teve 88 contratos impactados, com R$ 500 mil em prejuízos, muitos ainda sem solução, tendo de assumir perdas, lidar com clientes insatisfeitos e buscar alternativas de recuperação enquanto a operadora permanecia inacessível.

Mesmo após contatos com parlamentares e deputados, que assumiram compromissos públicos de apoiar a derrubada do veto relacionado à proteção dos agentes de viagens, nenhuma medida concreta foi tomada até o momento. Quando cobrados sobre suas promessas, viraram as costas. Essa falta de ação demonstra desrespeito e descaso com agentes e empresários de todo o Brasil, aumentando a frustração de quem já enfrenta perdas significativas e ausência de mecanismos de proteção.

Entre os participantes do Profissão Agente, há inúmeros colegas que ainda atravessam grandes dificuldades. Muitos tiveram suas vendas drasticamente reduzidas e, para piorar, ainda são afrontados por concorrentes que se aproveitam dessa situação para difamar os mesmos, alegando que são empresas sem credibilidade, que não entregam as viagens vendidas. É triste admitir, mas a realidade mostra que existe, sim, muito concorrente desonesto, que prefere ver o outro sangrar a estender a mão.

A situação se agrava no campo judicial. Diversos processos são extintos porque magistrados não reconhecem a legitimidade das agências em ingressar com ações. Resultado: custas altíssimas são impostas, mesmo sem a ViagensPromo ser sequer notificada. Muitos colegas já estão em dívidas ativas, vítimas de um sistema que, infelizmente, carece de sensibilidade diante do drama vivido pelo setor.

Sabemos que, historicamente, o setor sempre enfrentou dificuldades de união. Ainda assim, existem aqueles que seguem firmes, trabalhando lado a lado e acreditando em dias melhores. Tentar transferir para o próprio agente a responsabilidade pelo fracasso das tratativas em razão dessa desunião, frente ao calote da ViagensPromo é, no mínimo, leviano.

Mesmo diante da divisão existente, seguimos comprometidos com o propósito que assumimos. Em momentos oportunos, temos questionado este Portal sobre o motivo de Kido conceder entrevistas a ele, quando sua obrigação deveria ser falar diretamente ao agente de viagens. Afinal, foram as agências que o fizeram o profissional respeitado que era e o próprio declarou, ainda em março — no início do colapso —, que percorreria agência por agência, se fosse necessário. O mínimo que se espera é que cumpra a palavra dada.

O reaparecimento de Kido, sem apresentar soluções concretas nem prestar esclarecimentos às vítimas, é profundamente repudiável. Transferir responsabilidades para as agências ou minimizar os impactos agrava o prejuízo financeiro e evidencia a vulnerabilidade sistêmica do setor, reforçando a necessidade de ação efetiva das autoridades. O silêncio e a inércia dos órgãos públicos competentes — Ministério do Turismo, Embratur, Procons, Ministério Público e o Judiciário — são inaceitáveis. Seis meses depois, não houve bloqueio de bens, responsabilização ou cronograma claro de ressarcimento, deixando centenas de famílias e empresas vulneráveis e desamparadas.

A Associação Profissão Agente reforça que não aceitará mais discursos vazios em lugar de ações reais. O setor exige a publicação transparente da lista de credores e valores devidos, cronograma real e verificável de devolução dos recursos, intervenção imediata das autoridades competentes, incluindo bloqueio de bens e responsabilização dos envolvidos, e criação de mecanismos legais que protejam agentes e consumidores frente a falências de operadoras. O setor de turismo brasileiro não pode ser refém de impunidade, discursos vazios ou descaso institucional. O Profissão Agente seguirá lutando até as últimas instâncias por justiça, ressarcimento integral e proteção do mercado, cobrando responsabilidade e ação efetiva de todos os envolvidos.


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Sobre o autor

Integrante da equipe PANROTAS desde 2019, atua na cobertura de Turismo com olhar tanto para as tendências do mercado quanto para histórias que movimentam o setor. Formado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo e também em Processos Fotográficos, formações que permitem colaborar de forma dupla com a redação - entre textos e imagens. Fora do trabalho, encontra inspiração no samba, no cinema, na literatura e nos esportes