Saiba tudo sobre os planos da Gol para a nova fase pós-Chapter 11
Grande novidade é que o Rio de Janeiro está no centro da estratégia para ser o hub nacional da companhia

Exatos 498 dias após entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, a Gol Linhas Aéreas anunciou a sua saída do processo de Chapter 11, na última sexta-feira (6), concluindo a tão esperada reestruturação financeira iniciada lá em janeiro de 2024. A saída aconteceu cerca de duas semanas depois de a Justiça dos Estados Unidos aprovar plano da companhia para sair do Chapter 11.
O Portal PANROTAS fez uma cobertura complexa e exclusiva, trazendo todos os planos da Gol nesta nova fase após o Chapter 11, e destaca-os abaixo com todos os detalhes. Confira!
- Entre as principais prioridades da Gol para o período pós-recuperação está o fortalecimento significativo do balanço patrimonial. Após a saída do processo, a companhia deve avançar com uma forte posição de liquidez de aproximadamente US$ 900 milhões e alavancagem significativamente reduzida de 5,4 vezes, com projeção de alavancagem líquida de 2,9 vezes ao final de 2027.
- A recuperação total da frota de Boeing 737 é outro ponto crucial na estratégia da empresa. A Gol acredita que está no caminho certo para retornar à capacidade doméstica pré-pandemia. Em 2024, a companhia já reformou mais de 50 motores e mantém o cronograma de recuperar todas as aeronaves até o primeiro trimestre de 2026. Além disso, a empresa está na expectativa de continuar fortalecendo sua frota com a entrega prevista de cinco Boeing 737 MAX adicionais em 2025.
- A companhia também identificou e iniciou a implementação de um programa de melhoria de resultados anual de US$ 181 milhões, para consolidar a Gol como uma das companhias aéreas mais competitivas em termos de custos na América do Sul.
- Para o futuro próximo, a Gol afirma que está entrando em sua próxima fase com uma forte posição de mercado e melhor oferta aos clientes, enquanto continua a reconstruir sua malha em mercados-chave. Em 2024, a empresa atendeu 30 milhões de passageiros em 65 destinos domésticos e 16 destinos internacionais.
Operar em todos os países da América do Sul

Em ritmo de expansão, a companhia vem consolidando sua presença na América do Sul e Caribe, ao mesmo tempo em que inicia um processo de transformação cultural para atuar de forma mais global. A companhia já possui uma atuação sólida na Argentina, com voos para seis destinos no país, e planeja, nos próximos anos, alcançar todas as capitais sul-americanas — dentro dos limites regulatórios.
- Hoje, na Argentina, a Gol opera voos para Ezeiza e Aeroparque, em Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Mendoza e Bariloche, mas acompanha de perto mercados como Chile, Peru e Equador, considerados estratégicos no plano dos próximos cinco anos da companhia.
- A companhia está também no Paraguai, Uruguai, Bolívia, Argentina, Colômbia, Suriname, Aruba, San Jose, Guiana Francesa (em parceria com Air France). A Gol também abriu recentemente a rota para Caracas e trabalha com times locais e parcerias regionais para ampliar a capilaridade e o atendimento nesses mercados.
- O Caribe é outro foco da estratégia internacional da Gol, com destaque para San José, na Costa Rica. Por lá, a companhia vem construindo a operação de lazer do zero, com apoio de operadoras. Apesar da ocupação ainda abaixo da média de outros voos, a Gol acredita no potencial da Costa Rica no médio prazo.
- Nos Estados Unidos, a companhia mantém voos diretos de Brasília para Orlando e, sazonalmente, de Manaus. Também opera rotas de Fortaleza para Orlando e Miami, além de uma nova operação em Belém, alinhada a incentivos locais. Neste caso, a parceria com a American Airlines, neste caso, é considerada estratégica para a distribuição no território norte-americano.
Galeão como hub nacional
Além de consolidar sua presença na América do Sul e Caribe, a Gol Linhas Aéreas também tem planos para sua atuação doméstica logo após a saída do Chapter 11 nos Estados Unidos. E a grande novidade é que o Rio de Janeiro está no centro da estratégia para o segundo semestre.
- O plano é fortalecer a presença no Galeão, transformando-o no principal hub da Gol no Brasil. A companhia já busca recursos possíveis para ocupar uma posição muito forte no Galeão, que, no médio prazo, deve se tornar o principal hub da Gol no Brasil. E mesmo com mudanças, São Paulo seguirá sendo um pilar fundamental para malha aérea da Gol, que será o segundo maior player do mercado.
- No Sul, os ajustes já foram feitos, está tudo devidamente saudável e o foco se volta para Brasília e o Rio de Janeiro. No caso de Brasília, a empresa pretende fortalecer as rotas domésticas e internacionais no pós-Chapter 11, com atenção a mercados regionais como Maringá e Ribeirão Preto, que podem ser reativados.
Modelo Gol está de volta

Gol tem um acordo com a Boeing para 96 novas aeronaves, com entrega de cinco este ano, e mais 12 em 2026 e outros 12 em 2027. A empresa cresceu 12% no primeiro trimestre e deve crescer de 15% a 20% no segundo, em oferta, está com uma malha ainda menor que 2019, mas estável.
- Acordo com a Boeing: a companhia firmou uma ordem para 96 aeronaves com a Boeing, um movimento estratégico dado o cenário atual de escassez de aviões disponíveis no mercado.
- Cronograma de entregas: as entregas já estão em andamento. Serão 5 aeronaves este ano, 12 em 2026, e 12 em 2027, mantendo um ritmo constante de adições à frota.
- Aumento da capacidade: a expectativa é encerrar o ano com 143 aeronaves em operação, um número que inclui tanto as novas aquisições quanto a reativação de aeronaves que estavam paradas.
- Aeronaves paradas: a Gol tem trabalhado para reduzir o número de aeronaves em solo. Das 30 que estavam paradas, hoje são apenas 11. A meta é que, até o primeiro trimestre de 2026, não haja mais aeronaves sem uso.Crescimento da Oferta e Estabilidade Pós-Chapter 11
- Crescimento em 2025: a frota em operação tem contribuído para um crescimento significativo na oferta (ASK). No primeiro trimestre, a Gol cresceu cerca de 12%, e no segundo trimestre, o crescimento está entre 15% e 20%.
- Prioridade na estabilidade: a decisão de garantir uma malha menor, mas estável, após o Chapter 11, foi um acerto estratégico. Isso evitou as frequentes mudanças de malha que impactavam os clientes em 2023.
- Reconhecimento dos clientes: como resultado dessa estabilidade, 2024 foi o "melhor ano" da Gol com seus clientes, que passaram a encontrar uma companhia consistente, líder em pontualidade e com alta regularidade.
- Crescimento de dois dígitos: a companhia está experimentando um crescimento relevante de dois dígitos em relação ao ano passado, refletindo uma fase de expansão
- Mercado doméstico: o crescimento no mercado doméstico será mais cauteloso e "pés no chão", buscando solidez e sustentabilidade.
- Mercado internacional: o foco no internacional é de um crescimento muito agressivo, com projeções entre 40% e 50% sobre uma base menor.
- Expansão de destinos: a Gol está expandindo sua presença global, chegando ao 16º destino internacional com Caracas, e não pretende parar por aí.
- Aumento de frequências: além de novos destinos, a companhia tem aumentado a frequência de voos em rotas já operadas, como Buenos Aires, que agora oferece voos para diversas capitais do Nordeste, além de Brasília, Rio, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre.