Latam se destaca como a aérea mais bem posicionada no Brasil, avalia Fitch
Débora Jalles avalia que a companhia é a melhor posicionada para aproveitar o momento favorável do mercado
Apesar das incertezas macroeconômicas, o setor aéreo brasileiro atravessa um momento positivo, impulsionado pela demanda aquecida e por custos mais controlados. A avaliação é de Débora Jalles, diretora sênior de Corporates da Fitch Ratings, que concedeu entrevista à Broadcast.
Segundo a executiva, entre as companhias analisadas pela agência, a Latam é a que apresenta a posição financeira mais sólida para aproveitar esse cenário favorável.
Latam sai fortalecida da recuperação judicial
Em 2020, a Latam foi a primeira das três grandes aéreas brasileiras a entrar em recuperação judicial, mas conseguiu concluir o processo dois anos depois com uma estrutura de capital mais robusta. Hoje, segundo Débora, a empresa combina boa liquidez com crescente geração de caixa, o que favorece a redução da alavancagem.
No segundo trimestre de 2025, a Latam registrou alavancagem líquida ajustada de 1,6 vez, enquanto a Gol apresentou 3,7 vezes e a Azul 4,9 vezes.
Azul e Gol em processo de ajuste
No caso da Azul, que entrou recentemente em Chapter 11, Débora Jalles observa que o resultado final dependerá das negociações em andamento. "Tudo vai depender de qual será o acordo final e como será a estrutura da companhia após a saída", destaca. Ainda assim, a executiva reconhece que o ambiente positivo também colabora para a geração de caixa da aérea.
Já a Gol, que concluiu sua recuperação judicial, enfrenta alavancagem mais elevada do que a Latam. No entanto, a expectativa da Fitch é de que, ao longo dos próximos 12 meses, os efeitos das renegociações financeiras tragam mais fôlego ao caixa da empresa.
Ratings refletem o momento das companhias
Entre as três principais aéreas, a Latam também se diferencia pelos ratings de crédito. Em abril, a Fitch elevou os IDRs de longo prazo em moeda estrangeira e local da companhia de “BB-” para “BB”, com perspectiva positiva.
A Azul, por sua vez, foi rebaixada em maio para “D” após anunciar a entrada em Chapter 11. A agência deve reavaliar o perfil de crédito da companhia somente após a conclusão do processo.
Já a Gol recebeu, no fim de julho, classificação “CCC+”, refletindo um cenário de liquidez adequada, mas ainda com alta alavancagem.
Cenário setorial impulsiona o mercado
Na análise de Débora Jalles, o setor aéreo brasileiro está sendo beneficiado por fatores estruturais e econômicos, mesmo diante de juros elevados e preocupações com endividamento.
- Demanda em alta: em 2024, o Brasil transportou 118 milhões de passageiros, segundo melhor resultado da história.
- Crescimento contínuo: de janeiro a julho de 2025, a movimentação em aeroportos avançou 9,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
- Custos controlados: preços estáveis do petróleo e taxa de câmbio mais baixa que o previsto ajudam a reduzir pressões financeiras.
“Temos um ambiente bastante positivo para as aéreas, com volumes recordes e custos mais controlados”, resume Jalles.
