NDC: Avianca abandona canal de distribuição e Latam ajusta estrutura de tarifas
Avianca anunciou, por exemplo, que seu conteúdo será distribuído apenas por EDIFACT a partir de 2026

As companhias aéreas Avianca e Latam implementaram mudanças em seus modelos de distribuição aérea, o que pode encarecer as operações e reduzir alternativas tecnológicas do setor. O movimento tende a criar uma certa apreensão entre OTAs, consolidadores e agências de viagens em toda a América Latina.
No caso da Avianca, a companhia anunciou que, a partir de fevereiro de 2026, seu conteúdo será distribuído apenas por EDIFACT, encerrando o canal NDC e adicionando uma nova taxa por cupom emitido via GDS. Com isso, o canal indireto passa a ter duas portas de acesso: os GDS tradicionais e o portal próprio da empresa (veja o comunicado na íntegra logo abaixo).
Já a Latam Airlines não encerrou o NDC, mas redesenhou sua estrutura de tarifas, segundo o Ladevi. A companhia ajustou a TRCD–EDIFACT em todas as regiões e implementou um cargo adicional para o NDC processado via Sabre. Neste caso, apenas integrações diretas permanecem isentas.
Comunicado da Avianca na íntegra:

"A Avianca informa que concentrará a distribuição de conteúdo para agências de viagem no padrão EDIFACT, com a finalidade de simplificar processos, facilitar o acesso a informações sobre a companhia aérea e avançar para uma estrutura comercial mais eficiente e competitiva.
'As agências de viagem são parceiras estratégicas para a Avianca e sabemos que a otimização dos processos, assim como o acesso a todo o conteúdo da companhia aérea, são elementos diferenciais que estamos potencializando ao optar pelo uso do padrão EDIFACT. Continuaremos explorando as opções mais competitivas que permitem oferecer valor agregado aos nossos aliados comerciais, para, assim, trabalharmos de mãos dadas diante dos desafios constantes do setor de viagens aéreas'
Otto Gergye, Chief Commercial Officer da Avianca
Isso significa que, a partir de 1º de fevereiro de 2026, será suspenso o acesso ao conteúdo NDC por terceiros por meio do Avianca SYNC, para centralizar o uso do EDIFACT. Embora essa mudança implique um custo adicional por bilhete para mitigar os custos adicionais correspondentes, serão mantidos o acesso ao portal das agências e as conexões diretas com a Avianca.
A Avianca oferecerá o acompanhamento necessário às agências que necessitarem, para que essa modificação possa ser implementada com sucesso, visando uma oferta competitiva com preços eficientes e um modelo de negócios focado em oferecer opções para que os clientes escolham a forma como preferem voar. A eficácia dessa abordagem está refletida no aumento de 20% de passageiros transportados pela Avianca em 2024 em comparação com 2019, o que representa um total aproximado de 38 milhões, dos quais 16% viajaram pela primeira vez com a companhia aérea (pesquisa NPS)".
Comunicado da Latam na íntegra:

"O acesso ao conteúdo do NDC by LATAM pode ser feito através de múltiplos canais, como as conexões diretas, seja por API ou via agregadores, que é a forma majoritariamente utilizada no Brasil. Nestes canais diretos, as tarifas podem ser mais competitivas do que o conteúdo NDC disponibilizado via GDS. Neste formato específico, assim como ocorre com outros modelos de distribuição indireta, os preços podem sofrer ajustes periódicos.
A LATAM segue comprometida em oferecer alternativas de acesso aos seus produtos, com transparência e foco em competitividade, permitindo que cada parceiro escolha o canal mais adequado ao seu modelo de negócio".
Quais são os impactos para o setor?
Nos últimos anos, o trade investiu pesado em desenvolvimento de APIs, certificações NDC e modernização de sistemas. Com o cancelamento do NDC na Avianca e o iminente encarecimento do mesmo fluxo na Latam, parte dessa infraestrutura perde utilidade, ou se torna economicamente inviável. Para OTAs e consolidadores, por exemplo, a mudança representa perda parcial de capacidade tecnológica.
O efeito operacional também preocupa por: proporcionar mais tempo para comparar tarifas e regras; dependência crescente de portais próprios das aéreas; menor visibilidade de inventário; redução da eficiência no atendimento; e perda de competitividade frente aos canais diretos.
Embora o novo modelo não traga taxas explícitas ao passageiro, o aumento de custos para as agências tende a ser repassado às tarifas emitidas via canal indireto. Isso pode criar diferenças de preço entre agências e sites das próprias companhias aéreas, fortalecendo a migração para o canal direto.