Rodrigo Vieira   |   30/03/2020 16:15   |   Atualizada em 30/03/2020 18:18

AirTkt consegue na justiça flexibilizar próximos pagamentos à Iata

Sakura, Esferatur, Tyller, Confiança, Flytour Gapnet, RexturAdvance, Ancoradouro e BRT ganham respiro


Divulgação/Air Tkt
Ralf Aasmann, diretor executivo da AirTkt
Ralf Aasmann, diretor executivo da AirTkt
Cada elo da cadeia do Turismo busca, à sua maneira, os melhores caminhos para enfrentar a crise. Muitas vezes em comum, como nos casos das MPs que devem ser liberadas pelo Ministério da Economia esta semana (com articulação de diversas associações e do Mtur).

Mais especificamente com o setor de distribuição de bilhetes aéreos há uma movimentação complementar para aliviar os futuros pagamentos às empresas aéreas. Entidade representante das maiores consolidadoras aéreas do Brasil (Sakura, Esferatur, Tyller, Confiança, Flytour Gapnet, RexturAdvance, Ancoradouro e BRT), a AirTkt conseguiu na justiça uma liminar para parcelar suas próximas faturas BSP/Iata em dez pagamentos mensais, iguais e sucessivos. Fontes ouvidas pelo Portal PANROTAS apontam, no entanto, que a Iata já está trabalhando para derrubar a liminar, obtida pelo advogado da entidade, Flavio Paschoa.

A medida conseguida pelas empresas tem o objetivo de afrouxar o nó, dar um respiro para que as consolidadoras continuem com dinheiro em caixa em um período com vendas próximas de zero, e assim consigam manter suas estruturas. A flexibilização foi concedida aos pagamentos com vencimentos em 25 de março e 1º e 8 de abril.

Ainda assim, o primeiro pagamento (25/3) foi pago na íntegra pelas consolidadoras, sem necessidade de uso do benefício concedido pela justiça. As parcelas seguintes, afirma o diretor executivo da Air Tkt, Ralf Aasmann, têm alta probabilidade de serem pagas por todas as consolidadoras em sua totalidade, pois já representam um período de vendas 85% mais baixas em relação ao mesmo intervalo em 2019, o que obviamente representa parcelas menores. Mas quem precisar poderá fazer uso do ganho da liminar.

"Essa liminar, ao menos, representa uma carta na manga, uma possibilidade a mais de as consolidadoras manterem o caixa um pouco mais robusto", afirma Aasmann, esclarecendo que as associadas AirTkt, até o momento, não têm problemas sérios com inadimplência, caixa e demissões. "E a ideia é manter os empregados, pois eles são os maiores patrimônios que temos. É em cima disso que temos trabalhado."

REPRESENTATIVIDADE
Outra importância da liminar concedida pelo juiz da 17ª. Vara Cível da Capital do Estado de São Paulo é mostrar à Iata a força e a representatividade das consolidadoras no Brasil, categoria que é reconhecida como "agência" para a Associação Internacional do Transporte Aéreo. "Eles também têm de ser flexíveis", defende-se o diretor executivo da AirTkt. "No Brasil nós trabalhamos com crédito e eles precisam entender esse formato."

Aasmann diz isso porque, embora a AirTkt tenha conseguido a flexibilização dos próximos pagamentos na justiça, o primeiro caminho tentado pela associação dos consolidadores foi o diálogo. "Mandamos uma carta e eles responderam irredutíveis. Infelizmente os consolidadores são considerados agências para Iata (e não distribuidores que oferecem crédito às agências de viagens)", justifica Aasmann. "Sabemos que as companhias aéreas estão recebendo ajuda. Todos estão negociando o que podem, e nós também queremos um respiro, uma folga nos pagamentos."

O escritório da Iata no Brasil percorrerá os caminhos legais contra a liminar concedida às consolidadoras AirTkt e opta por não comentar o caso oficialmente. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) também não emite posicionamento em mais esse assunto de cunho comercial (o foco da entidade é mais institucional).

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