Rodrigo Vieira   |   11/03/2024 17:55

Brasil está cada vez mais na mesa do CEO da Mondee, diz Ana Maria Berto

Orinter, comprada pelo grupo, encerrou 2023 com um volume de vendas 51% superior ao do ano passado


Divulgação
Ana Maria Berto é uma colecionadora de Poderosos do Turismo ao longo de sua trajetória em operadoras do Brasil
Ana Maria Berto é uma colecionadora de Poderosos do Turismo ao longo de sua trajetória em operadoras do Brasil

Como uma operadora desvinculada aos grandes grupos de Turismo do Brasil supera a marca anual do bilhão em faturamento em um período tão desafiador como os atuais? Operar viagens nesse país nunca foi tarefa fácil, e o encerramento recente de mais uma companhia mostra que a pandemia não é exatamente um verbo a ser conjugado no passado. Mas Ana Maria Berto definitivamente entende do riscado. Sua Orinter Tour & Travel é incontestável não só em cifras como também em outros indicativos, como expansão territorial e no número de colaboradores.

A Orinter fechou 2023 com R$ 1,32 bilhão em vendas, um volume 51% superior ao ano anterior. Crescer na comparação com 2022 já era um movimento esperado pois, durante a crise, a operadora tratou de fazer algo que está desde sempre no discurso de Ana Maria Berto: apoiar o agente de viagens. Segundo ela, a empresa deu todo o suporte possível para seus parceiros, que viram na operadora uma empresa que não precisavam temer a concorrência B2C. O resultado foi uma fidelização significativa dos agentes. Ainda assim, a escalada da Orinter surpreendeu até mesmo a experiente diretora.

"Nosso crescimento em 2023, que já era esperado para ser grande, foi excepcional", ilustra Ana Maria Berto. "Isso por conta da entrada da Mondee, em janeiro daquele ano. Essa aliança internacional nos colocou em um patamar de governança altíssimo, de empresa multinacional mesmo. Passamos a conquistar melhores acordos com os fornecedores, melhores condições de oferta de promoção aos clientes, maior poder para contratar profissionais qualificados e, evidentemente, uma consolidação do nosso posicionamento de mercado B2B. Hoje somos, provavelmente, operadora líder entre as 100% B2B no Brasil", sugere a CEO da Orinter.

Faz 13 meses que o grupo texano desembolsou mais de R$ 200 milhões pela compra da Orinter. É pouco tempo para todo potencial que um investimento desse tamanho tem, e de fato é só o começo, garante Ana Maria Berto. “A Orinter foi comprada por uma empresa essencialmente de tecnologia, que também é voltada para o B2B, o que foi um dos grandes valores para aceitarmos o negócio. Nossa expertise com os agentes de viagens aliada ao potencial digital e financeiro da Mondee é incrivelmente promissora. A tecnologia veio para ajudar, melhorar, e tem muita coisa já sendo desenvolvida entre o head de Tecnologia da Orinter com o da Mondee”, aponta ela.

PANROTAS / Filip Calixto
Orestes Fintiklis e Ana Maria Berto
Orestes Fintiklis e Ana Maria Berto

“O segundo semestre deste ano terá novidades interessantes aos agentes de viagens nesse sentido”, completa Ana Maria, revelando que inteligência artificial deve ser uma das ferramentas prioritárias no pacote de lançamento na segunda metade de 2024. E, como se sabe, não é só a Orinter que carrega a bandeira da Mondee no Brasil.

Cinco meses depois da primeira compra, a empresa norte-americana arrematou também a Interep, por R$ 45 milhões, e antes que alguém seja pego de surpresa, a ofensiva deve continuar. “A Mondee está admirada, muito feliz, com o que o Brasil está entregando. Tanto que algumas manobras de investimento estão sendo feitas para colocar mais recursos no País, entendendo que o nosso mercado pode assumir a liderança na América Latina. Outras ações estratégicas serão feitas na região, e algumas expansões serão feitas no mercado de Turismo, com a administração da Orinter”, promete a executiva.

“O projeto é fazer a Mondee Brasil ser uma das protagonistas e obter pelo menos 30% do foco da Mondee mundial”, pondera Ana Maria.

É ela que responde e responderá cada vez mais pelos interesses do grupo no País. Ela que acabou de voltar de reunião internacional e garantir: o Brasil está definitivamente na mesa do CEO da Mondee. Tanto que a própria Ana Maria Berto já estendeu sua participação nesse projeto. Quando a Mondee comprou a Orinter, o contrato de permanência proposto para a executiva foi de cinco anos, que foram reduzidos a três a pedido da brasileira.

“Já renovei e fechamos em cinco mesmo, conforme solicitação deles. Eu vi que a administração, o DNA, os objetivos da Orinter no passado só foram adicionados ao perfil da Mondee. Não está sendo pesado, não está sendo nada difícil para mim”, garante. Um exemplo do salto que as empresas brasileiras podem dar com a Mondee é a internacionalização. Com sistemas conectados, a Orinter já oferece seus pacotes para agentes de viagens em países latino-americanos atendidos pela plataforma da parceira estrangeira.

“Estamos vendo resultados, uma equipe motivada, tanto que em março faremos uma grande entrega, uma distribuição de lucros para todos os 305 funcionários. Ficarão muito felizes com essa entrega, que será significativa, relativo ao tamanho do crescimento com o qual cada um colaborou ao longo de 2023”, conclui Ana Maria Berto. Esses 305 funcionários, segundo ela, serão pelo menos 350 até o fim do ano. A operadora segue nos anunciados de emprego, sobretudo na área comercial, fincando sua bandeira pelos vários cantos do País.

Esta matéria é parte integrante da Revista PANROTAS, n°1574.


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