Juntos Pelo Mundo: prejuízo de agências passa de R$ 1 milhão; veja depoimentos
Operadora divulgou pedido de autofalência, alegando problemas financeiros e operacionais, na última semana

A operadora Juntos Pelo Mundo divulgou, no último dia 19, um pedido de autofalência, após alegar problemas financeiros e operacionais para não honrar os pacotes das agências de viagens. Os prejuízos – financeiros e emocionais – dos agentes de viagens lesados são inúmeros, assim como são muitas as agências prejudicadas.
Confira depoimentos de alguns dos agentes de viagens prejudicados pela operadora:
“Caio e Débora (proprietários da Juntos Pelo Mundo) assumiram publicamente que todos os clientes da Global seriam atendidos e não foi o que aconteceu. Nem 10% dos meus clientes viajaram porque a operadora não entregou as viagens. Tive que indenizar clientes do meu próprio bolso e ouvir áudio deles com xingamentos e desaforos, como ouço até hoje. Trabalho em duas escolas e tinha grupos enormes para viajar, sendo um de 60 professores. Ninguém viajou, eu cobro o reembolso, mas ninguém da Juntos me atende, nem retorna. Eles sumiram há meses e o meu prejuízo e dos meus clientes chega a quase R$ 900 mil" – Cristiane Alves, agente de viagens do Rio de Janeiro.
“Meu prejuízo se aproxima de R$ 300 mil. Os proprietários da Juntos davam desculpas de que os agentes que fizeram a migração da Global Travel quebraram o acordo de venda com eles, mas isso não tem lógica, é como a pessoa abrir uma loja e dizer que a culpa da falência é do funcionário que prometeu vender e não entregou. O responsável pelas estratégias da empresa é o proprietário. Nesta semana, eles continuaram recebendo dinheiro nas contas do CPF da Débora Dalvanso e da irmã dela, e em um CNPJ novo que o Caio César Magalhães abriu em Belo Horizonte, que deve ser de mais uma empresa de fachada para continuar dando golpe nos outros” - Sara Santos, da LS Tur do Rio de Janeiro, agente de viagens e guia de Turismo.
“Conheci a Débora (proprietária da Juntos) nos grupos de agentes de viagens, em uma época na qual a gente estava precisando muito vender mais e procurava operadoras nas quais poderíamos ter confiança. Ela apresentou para nós em 2022 a proposta de vender Global Travel e começamos vendendo bem pouquinho, para testar se funcionava. Quando aconteceu o problema com a Global e migramos para a Juntos Pelo Mundo, pensamos que estávamos livres dos medos que tínhamos em relação à gestão do Renan, proprietário da Global Travel. Mas aí aconteceu a mesma coisa na Juntos e tivemos que nos virar com nossos clientes. Meu prejuízo foi mais de R$ 50 mil reais, está na justiça. E com tantos outros processos que estão ocorrendo, nós estamos aguardando ansiosamente pelo desfecho dessa história." - Ramon Carvalho, da Bride Tour.
“O prejuízo é grande, tanto emocional quanto financeiro. Tenho um cliente que ia viajar para a Disney Paris neste mês de setembro, não foi, e até 2027 tenho pacotes. A equipe da Juntos foi esperta o bastante e para mim isso foi um golpe. Ainda colocaram a culpa em nós, dizendo que paramos de vender e prejudicamos eles, mas paramos de vender porque o nosso rombo seria maior. Hoje em dia não consigo vender mais nada, pois tudo o que eu posto o pessoal fala que estou roubando, sendo que não tem nada na minha conta, nem assinado por mim. É bem complicado. Eles, da Juntos, receberam muito dinheiro nosso”. - Adriana Oliveira, agente de viagens.
"Atuei como vendedora dos pacotes da empresa até agosto de 2024, quando percebi a gravidade da situação e a forma como a transição entre as duas operadoras foi conduzida. Tentei intermediar readequações de datas, conversando com clientes e buscando soluções junto ao setor de operações da Juntos pelo Mundo. O resultado foi devastador: minha pequena agência, localizada em uma cidade do interior, acabou ganhando descrédito no mercado. As vendas caíram pela mancha que essa situação trouxe à minha imagem. Hoje, sigo lidando com clientes que cobram respostas que nem eu mesma recebi. Para mim, está claro: a Juntos pelo Mundo agiu de má-fé, usou agentes e consumidores para benefício próprio e deixou para trás um rastro de frustrações, dívidas e descrédito". - G, Agente de viagens que prefere não se identificar.
"Quando a Juntos Pelo Mundo nos chamou e garantiu que nenhum cliente ficaria sem sua viagem — após todos os entraves da Global Travel — nós, agentes, acreditamos. Migramos todos os contratos porque nosso verdadeiro objetivo sempre foi um só: realizar os sonhos de viagem dos clientes. Com o tempo, os problemas só aumentaram — e nunca tivemos respostas concretas para repassar aos clientes. Hoje, sou eu quem precisa lidar sozinha com clientes que tiveram viagens canceladas e aguardam reembolsos em atraso. O prejuízo dos meus clientes já soma cerca de R$ 300 mil — valor recebido integralmente pela Juntos Pelo Mundo, que jamais cumpriu com sua responsabilidade." - Agente de viagens que prefere não se identificar.
"Eu tentei ser transparente com todos os meus clientes desde o início, tudo que vinha acontecendo eu via, falava pra eles, porque eu acho que esse é o ponto chave. A Juntos Pelo Mundo nunca deu respaldo de nada do que estava fazendo. Os agentes pareciam muito perdidos desde o início. Toda operadora trabalha com a gente como se nós fossemos muito importantes. Só a Juntos Pelo Mundo que acha que o agente de viagens não é nada. Tomamos a decisão de fazer boletim de ocorrência, tudo o que precisa ser feito para que a justiça apareça, porque a gente precisa que haja alguma justiça", - T.C, agente de viagens.
"Eu trabalho com Turismo há quatro anos e tive a infelicidade de trabalhar algum dia com a Juntos. E hoje eu pago um preço muito caro por isso. Eu vejo a minha imagem e a marca da minha agência manchadas. Estou recebendo processos, ameaça por algo que eu não fiz w que não cometi. Além de todo esse transtorno, nós, todos os agentes, estamos sem trabalhar porque ficamos o dia inteiro tentando solucionar o caso dos clientes, correndo atrás de auxílio jurídico, de advogado, auxiliando o cliente a fazer boletim de ocorrência, atrás de documentação para anexar como prova, para que o cliente consiga entrar com seu processo e a gente também" - Agente de viagens que prefere não ser identificada.
"Muitos agentes sabiam que o modelo da Juntos não era sustentável, mas, pela ganância da comissão imediata, fecharam os olhos para a responsabilidade de dar continuidade ao serviço - vale destacar que isso não pode ser generalizado para todo o mercado. Eu honrei cada um dos pacotes vendidos e não foi à toa que arquei com um prejuízo superior a R$ 400 mil em razão do golpe da Global — empresa administrada pela Débora Dalvanso, que depois seguiu com o mesmo modelo sob o nome “Juntos pelo Mundo”. Ainda assim, mantive meu compromisso com cada cliente. Acredito que esse tipo de posicionamento ajuda a diferenciar quem, de fato, trabalha com profissionalismo no Turismo." - Flávia Oliveira, da agência Soul Tour.