Da Redação   |   27/04/2020 15:19   |   Atualizada em 27/04/2020 15:21

Capitalização da CVC reflete a situação de outras empresas

Em artigo, consultor especializado em fusões e aquisições fala sobre a situação do Turismo na atual crise


Divulgação
Cláudio Gonçalves, da Planning Corporate Finance & Advisory
Cláudio Gonçalves, da Planning Corporate Finance & Advisory
Ter caixa e saber gerenciar seu fluxo é certamente um grande desafio para a maior parte das empresas de Turismo, principalmente lazer, e quando uma crise como a atual chega a situação pode ameaçar a saúde financeira se praticamente todo o setor. Esse é mais um artigo que fala sobre o tema.

Seu autor, Cláudio Gonçalves é economista analista de investimentos, conselheiro de administração e sócio-diretor da Planning Corporate Finance & Advisory, empresa que, entre fusões e aquisições no Turismo, atuou com Visual Turismo e, mais recentemente, com a Dynamic Travel.

Exclusivo para o Portal PANROTAS, o texto aborda algumas possíveis soluções às empresas de Turismo que sofrem para ter caixa em meio à crise causada pela pandemia da covid-19.

"O Tsumami provocado pelo Covid-19 no setor de turismo traz desafios, riscos e oportunidades

Por Cláudio Gonçalves

O setor de Turismo foi atingido por um tsunami sem precedentes na história recente. As empresas do setor estão revendo seu planejamento estratégico, adequando suas estruturas e se adaptando ao cenário de distanciamento social. Muitas empresas reduziram o quadro de funcionários, jornada de trabalho, salários e se adaptaram para o sistema de “home office” integral ou parcial.


Todas as empresas do setor foram impactadas pela crise, fizeram ou estão fazendo mudanças em suas estruturas objetivando preservar o caixa e a saúde financeira, para manter seus balanços saudáveis.

Uma análise dos “fatos relevantes” divulgados pela CVC Corp, única representante do setor listada na bolsa de valores no Brasil, nos dá uma dimensão do que vem ocorrendo com o setor. Antes da pandemia da covid-19, as ações da CVC (CVCB3), que em 1º de fevereiro de 2019 atingiram cotação de R$ 64, encerrou o dia cotada a R$ 13,92 em 23 de abril.

No mesmo dia 23 de abril a CVC divulgou “fato relevante” informando que “…está avaliando uma possível capitalização, com o objetivo de fortalecer o balanço para o crescimento das vendas a partir da retomada da demanda…”.

A necessidade de capitalização da CVC reflete o que pode estar ocorrendo com outras empresas do setor, que por não serem de capital aberto, não precisam divulgar seus resultados ao mercado, assim como sua situação financeira.

Existem no mercado alguns mecanismos para capitalização de empresas. Destaco abaixo os três principais:

1. DÍVIDA. O segmento de Turismo Lazer possui dinâmica de alta necessidade de capital de giro, devido ao descasamento de fluxo de caixa. A empresa pode levantar recursos para capital de giro e investimento através de dívida. Importante observar prazo, taxa de juros e estrutura de garantias. Empresas de capital aberto conseguem emitir instrumentos de dívida (p.ex. debêntures) e se capitalizar através do mercado de capitais, com estrutura de prazo e taxas melhores que dívida bancária. Empresas de capital fechado ficam limitadas às linhas de crédito do sistema bancário, que possuem estrutura de prazo, taxa de juros e garantias específicos, dependendo da saúde financeira de cada empresa;

2. VENDA DE AÇÕES. Mecanismo eficiente para levantar capital, restrito a empresas de capital aberto. Empresas de capital fechado ficam limitadas a capacidade financeira de seus sócios, que podem fazer aporte de capital ou vender participação para investidores estratégicos;

3. VENDA DE ATIVOS. Forma eficaz de levantar recursos através do processo de desmobilização. Trata-se da venda de bens que a empresa pode se desfazer, sem comprometer seu core business. Muitas empresas têm máquinas, veículos, aeronaves e imóveis que podem ser colocados à venda. Os recursos podem ser utilizados para capitalizar a empresa, capital de giro, opex, capex ou pagamento de dívidas.

O ambiente para o setor de Turismo é bastante desafiador, oferece riscos e ao mesmo tempo cria oportunidades. No ambiente de pandemia, isolamento social, cancelamento e adiamento de viagens, empresas que tenham adotando boas práticas de Governança, gestão de capital de giro e transparência em suas demonstrações financeiras (DFs), podem sobreviver à pandemia e colher bons frutos no cenário pós-pandemia, visto que o processo de consolidação do setor será retomado de forma acelerada
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