Artur Luiz Andrade   |   03/04/2020 21:37
Atualizada em 03/04/2020 21:42

Brasil só perde para a China em preocupação com o novo coronavírus

Brasil só perde para a China em preocupação com o novo coronavírus; confira dicas para as marcas


Zhipeng Ya/Unsplash

Levantamento divulgado pela Kantar aponta que, entre os países pesquisados, o Brasil é o segundo mais preocupado com a pandemia do novo coronavírus, atrás somente da China, país onde teve início o surto da covid-19. A maior preocupação do brasileiro está ligada, sobretudo, aos impactos econômicos.

A pesquisa também apontou o crescimento das vendas de analgésicos, vitaminas (especialmente a vitamina C) e antigripais. As saídas para a rua são cada vez mais raras e só acontecem em casos de necessidade extrema, como ir ao supermercado, bancos, farmácias (78%). Passeios comuns como shopping centers e parques deixaram de ser realidade para 71% enquanto outros 68% deixaram de frequentar bares e restaurantes. Em compensação, os pedidos de delivery cresceram 7%.

A cesta de bens de consumo massivo (FMCG) também apresenta crescimento, sobretudo nas categorias de alimentos saudáveis (frutas, verduras, legumes) e produtos de limpeza (água sanitária, álcool). A ideia de estocar itens de necessidade básica impactou diretamente os setores de alimentos, higiene, limpeza e bebidas.

Alguns setores da economia mostram crescimento na creise, como os atacarejos e hipermercados (altas de 35% e 18%, respectivamente) e o consumo on-line, já que 15,3% dos consumidores optaram por comprar itens de cuidados pessoais por e-commerce das redes.

A MÍDIA
Um dado que o estudo da Kantar considerou “muito impressionante” é que 11 das 20 maiores audiências dos últimos cinco anos foram registradas durante a pandemia do Covid-19. Para 79%, a TV continua como o meio mais confiável para se obter informações sobre o novo coronavírus. A audiência durante a semana de 16 a 20 de março registrou aumento de 41 minutos na média consumida, e no fim de semana de 21 e 22 de março, o aumento foi de 1h26.

Entre os dez gêneros de maior audiência, aqueles que mais cresceram entre 16 e 20 de março em comparação a primeira semana de março foram Filme (36%) e Jornalismo (26%). Infantil cresceu 17% na semana de 16 a 20 de março em comparação a primeira semana do mesmo mês.

Entre os anunciantes, 134 marcas veicularam campanhas dedicadas ao tema covid-19. No período de 16 a 22 de março, 19% das inserções publicitárias falaram sobre o novo coronavírus, sendo que 78% foram realizadas pelo setor privado.

Mesmo nesse momento tão delicado, o consumidor brasileiro diz que quer ouvir o que as marcas estão fazendo e como podem contribuir para melhorar essa situação, uma vez que as marcas também podem ser agentes de mudança e exemplo para seus consumidores.

ANGÚSTIAS
Desde o início da crise, segundo a Kantar, as pessoas no Brasil já estavam preocupadas com a saúde financeira: 7 em cada 10 sentem que a situação exige maior proatividade em relação ao seu planejamento financeiro e segurança para o futuro.

A análise do "Angustiômetro" da Kantar, por meio das ferramentas de Search & Social no Brasil, mostra a evolução da preocupação entre janeiro e março: em janeiro falava-se tanto em China quanto em Brasil e nos perguntávamos se o vírus chegaria aqui; em fevereiro, a preocupação já é com o Brasil confirmando a chegada do vírus Covid-19; e em março, a preocupação é Brasil e o presidente: a angústia já é ficar em casa para não matar ou morrer.

CHINA
Como legado, a Kantar aponta que a China deixa três perspectivas, a curto, médio e longo prazos.

Curto prazo: durante a crise - Concentrar-se nas linhas de produtos principais para garantir que elas estejam bem estocadas, aproveitar totalmente o varejo social e comunitário, transmitindo ao vivo para recuperar as vendas de lojas off-line, adaptar-se de forma ágil às mudanças das condições do mercado na cadeia de suprimentos/merchandising/ativação comercial.

Médio prazo: recuperação da demanda - Comunicar com cuidado e positivamente o valor da marca e diferenças significativas, aproveitar a recuperação da demanda de produtos e serviços de beleza, e adaptar-se à estratégia comercial ao novo distanciamento social normal.

Longo prazo: pronto para o futuro - Inovar ao explorar tendências saudáveis e de sustentabilidade, acelerar a transformação digital para garantir a demanda do consumidor com a implantação omnichannel, analisar o gerenciamento de marketing/faturamento para se preparar para a desaceleração econômica.

Por fim, a Kantar deixa algumas conclusões:

1) Importância digital: marcas que não entendem como comercializar no mundo digital ficarão para trás;
2) Novos comportamentos: as marcas precisam ter sistemas para mudar no ritmo em que os consumidores estão mudando;
3) Liderança humana sem medo: marcas que assumem uma liderança de categoria centrada no ser humano, destemida e ousada serão notadas e valorizadas.

A terceira edição do Kantar Thermometer já está disponível no site http://br.kantar.com/covid-19/.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.