Empresas brasileiras devem ampliar em 36% os investimentos em IA até 2027, aponta SAP
Pesquisa demonstrou que o País já está entre os mercados mais avançados no uso da tecnologia

A inteligência artificial já não é só uma aposta de futuro. Agora, ela ocupa um papel estratégico nas decisões, nos processos e nos resultados das empresas brasileiras. Em seu novo estudo global, Value of AI, a SAP Brasil descobriu que as companhias de médio e grande porte no Brasil investem, em média, US$ 14,2 milhões por ano em IA e já registram um retorno médio de 16%, com projeção de chegar a 31% em dois anos.
Os resultados financeiros diretos reforçam o papel estratégico da inteligência artificial no ambiente corporativo. As empresas brasileiras devem ampliar seus investimentos em IA em 36% nos próximos dois anos — um ritmo próximo ao observado em mercados como Alemanha (37%) e Reino Unido (40%).
Embora o volume atual de investimentos no Brasil ainda seja menor que o da China (US$ 42 milhões) e dos Estados Unidos (US$ 37 milhões), o País demonstra um nível de confiança semelhante ao desses grandes centros econômicos. Prova disso é que 78% das organizações brasileiras esperam obter retorno positivo em até três anos, posicionando o Brasil entre os mercados mais avançados da pesquisa na conversão da IA em valor real de negócio.
Tarefas automatizadas e agentes de IA
A pesquisa da SAP ainda comprovou que 23% das tarefas corporativas no Brasil já contam com algum tipo de suporte de IA, e a expectativa é que esse número suba para 40% até 2027. Quase sete em cada dez empresas (69%) afirmam que a tecnologia tem sido eficaz para solucionar os principais desafios do negócio.
“A pesquisa mostra que as empresas brasileiras estão entrando em uma nova fase de maturidade digital, em que a IA deixa de ser um experimento e passa a ser uma alavanca de crescimento. Os resultados comprovam que, quando a IA é integrada a dados de qualidade e fluxos de trabalho inteligentes, o retorno aparece de forma concreta e sustentável”
Rui Botelho, presidente da SAP Brasil
O relatório demonstrou que a próxima fronteira da inteligência artificial no Brasil será impulsionada pelos agentes autônomos, sistemas capazes de planejar, agir e colaborar com mínima intervenção humana. De acordo com o estudo, 78% dos executivos brasileiros acreditam que esses agentes terão alto potencial de transformar as operações corporativas.
As empresas brasileiras esperam um retorno médio de 10% - cerca de US$ 3 milhões - com o uso desses sistemas nos próximos dois anos. Apesar disso, apenas 1% das organizações afirmam estar totalmente preparadas para escalar o uso dessa tecnologia, enquanto 65% dizem estar parcialmente prontas.
“A próxima onda de valor virá dos agentes de IA, que atuam como sistemas autônomos capazes de executar tarefas complexas e tomar decisões de forma inteligente”, explica Botelho.
Maturidade de dados e governança da IA são desafios
Mesmo com resultados expressivos, 68% das empresas declaram estar preparadas para adotar soluções de IA, enquanto 70% afirmam ter baixa confiança na capacidade de integrar dados de forma responsável entre áreas internas, e 60% relatam dificuldade em fazer o mesmo com parceiros externos.
Outro ponto de atenção é o uso da “IA paralela” (shadow AI), ferramentas de inteligência artificial utilizadas por funcionários sem aprovação formal. Oito em cada dez empresas (80%) dizem estar preocupadas com o tema, e 66% admitem que esse uso ocorre com alguma frequência, reforçando a necessidade de governança e políticas claras para o uso ético da tecnologia.
Em parceria com a Oxford Economics, o estudo da SAP ouviu 1,6 mil executivos de médias e grandes empresas de oito países, incluindo 200 líderes brasileiros, em maio de 2025.