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Artur Luiz Andrade   |   11/01/2022 12:29   |   Atualizada em 11/01/2022 12:40

Decolar reforça que IRRF a 25% prejudica toda a indústria de Turismo

Bruna Milet, diretora da maior OTA da América Latina, explica prejuízo ao setor


Divulgação/Decolar
Bruna Milet, diretora da Decolar
Bruna Milet, diretora da Decolar
Bruna Milet, diretora global de Publicidade e Assuntos Institucionais da Decolar, maior OTA da América Latina, faz coro aos que querem sensibilizar (e pressionar) o Ministério da Economia a cumprir o acordado com o setor, e editar medida provisória com o IRRF sobre remessas ao Exterior com valor de 6% e não os atuais 25% (que viram 33% no preço final ao consumidor).

“Há uma visão míope de que uma medida como essa prioriza o Turismo doméstico, as viagens nacionais. Mas o Turismo é uma indústria integrada. Um voo internacional não vive apenas da vinda de estrangeiros ao Brasil. Ele depende também do equilíbrio de brasileiros viajando para o Exterior. Ao se inibir essa segunda parte do público, haverá menos voos, o que impacta todos os destinos brasileiros e todos os segmentos da cadeia produtiva”, explica.

Para o setor, o imposto não deveria existir, pois se trata de bitributação (as empresas de Turismo já recolhem o imposto no País ao efetuarem as vendas), mas houve um acordo do Turismo com o governo para essa diminuição para 6% em 2022 e 2023, juntamente com a queda do imposto sobre o leasing de aeronaves. No apagar das luzes de 2021, o governo aprovou apenas a parte de incentivo ao setor aéreo, pegando o Turismo de surpresa.

“Vínhamos negociando com o governo há dois anos, juntamente com o setor aéreo. Em plena retomada das viagens internacionais, com as pessoas se planejando para o ano, esse imposto de 33% é a diferença entre ser ou não ser possível viajar”, disse Bruna Milet ao Portal PANROTAS.


PARCELAMENTO NO BRASIL
Segundo ela, a maioria dos viajantes opta por pagar no Brasil, pois há variedade de meios de pagamento e opções de parcelamento. Ao instituir o imposto o governo está incentivando que se compre em agências on-line americanas ou diretamente nos fornecedores de fora, gerando empregos e renda somente no Exterior e com a desvantagem de não poder parcelar e pagar tudo aqui no Brasil.

“O grande diferencial da Decolar e de várias grandes empresas é a variedade de meios de pagamento e o parcelamento. E nós também temos uma rede de agências de viagens afiliadas, que atendem seus clientes via Decolar. Ou seja, é um imposto que prejudica as empresas, o cliente, todo um setor.” E que não tem paralelo em nenhum mercado. “Estamos em mais de 20 países e nunca vimos isso”, conta a executiva da Decolar.

A Decolar chegou a lançar uma campanha de reabertura de fronteiras (a dos Estados Unidos reabriu em novembro) e, além da incerteza da ômicron, agora tem de lidar com esse imposto, que afeta principalmente os países sem acordo de bitributação com o Brasil, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Colômbia, entre outros.
Divulgação
RETOMADA

Com o doméstico já em níveis pré-pandêmicos, a expectativa da indústria no começo de 2022 está em relação ao internacional, já que fronteiras importantes, como Estados Unidos e Argentina, só reabriram no final de 2021. Os países, mesmo com o surgimento da ômicron, tem mantido suas regras de entrada e até aliviado, como no caso do Reino Unido, que não exige mais teste negativo na chegada ao país.

Na Decolar, segundo Bruna Milet, desde a reabertura os Estados Unidos voltaram à liderança em buscas. “Orlando e Nova York sempre estão em nosso Top 10. O destino internacional mais buscado em 2021 foi Cancún, mas os Estados Unidos só tiveram dois meses de fronteiras abertas. Existe uma demanda reprimida enorme, especialmente para Orlando, e esse imposto pode frear essa retomada”, explica.

Com centenas funcionários no Brasil, a Decolar também reforçou seu time de atendimento (parte próprio, parte terceirizado), para ajudar nos cancelamentos recentes de voos domésticos por conta dos casos de covid-19 e influenza nas tripulações das aéreas nacionais.

Bruna diz que o mercado já sabia que a retomada seria assim, de altos e baixos, mas se mostra otimista com 2022. “É uma situação desafiadora, mas a demanda está crescendo e isso é bom.”

Falta só o Ministério da Economia ajudar e destravar e diminuir esse imposto que virou uma amarga jabuticaba brasileira.

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