Rodrigo Vieira   |   13/08/2020 15:01   |   Atualizada em 13/08/2020 17:06

Diretor da Delta detalha retorno ao Brasil, com mudanças fixas

Fabio Camargo fala sobre as mudanças temporárias e fixas resultadas pela pandemia


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Fabio Camargo
Fabio Camargo
Após quatro meses de hiato devido à pandemia, a Delta Air Lines retomou os voos ao Brasil em 4 de agosto. São quatro frequências semanais entre São Paulo (GRU) e Atlanta, e a companhia norte-americana tem a expectativa de voltar com o voo do terminal paulista até Nova York (JFK) em outubro, três vezes por semana, tornando diária a conexão entre o País e os Estados Unidos. Também está no radar o retorno do serviço entre Rio de Janeiro e Atlanta, mas esse apenas para dezembro. São as datas que já constam no sistema de vendas da Delta, mas toda essa programação é sensível à demanda, como explica ao Portal PANROTAS o diretor da aérea para o Brasil, Fábio Camargo.

“Só adicionaremos oferta quando tivermos passageiro para voar. Neste princípio de retomada as coisas não estão fáceis no setor como um todo. Além de as fronteiras norte-americanas estarem fechadas para brasileiros, os passageiros ainda não estão totalmente seguros em realizar um voo internacional”, lamenta o executivo.

PROTOCOLOS
E se as coisas não estão fáceis devido à insegurança dos viajantes, é papel de companhia aérea facilitar. O diretor garante que a Delta está sobrexcedendo as exigências das principais autoridades reguladoras internacionais no que diz respeito à biossegurança nos ares. Tais ações fizeram com que a experiência de quatro meses atrás, quando o último voo da Delta ligou Brasil-Estados Unidos antes de a covid-19 ser decretada pandemia, tenha mudado completamente para a experiência atual.

“Fizemos mais de 100 estudos para chegar onde chegamos e temos a convicção que poucos lugares no mundo são mais seguros do que um avião da Delta em relação ao contágio. Isso é tão sério para nós que criamos um cargo novo, de VP Global de Limpeza, atribuído a Mike Medeiros, que não será temporário. Sempre fomos focados na resolução dos problemas. Foi assim que alcançamos o topo em gestão de bagagens, foi assim que fizemos do nosso A&B uma das referências da indústria, e é assim em relação à proteção da saúde dos clientes”, afirma Camargo.

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Limpeza das aeronaves é prioridade da Delta Air Lines, garante diretor
Limpeza das aeronaves é prioridade da Delta Air Lines, garante diretor
Para proteger os passageiros do coronavírus, a Delta se apoia em pilares fundamentais. O primeiro deles é a limpeza completa da cabine com aparelhos eletrostáticos. “Investimos alto para ter esses equipamentos, que asseguram a limpeza de 100% das superfícies antes de um voo. Ele garante que a pulverização alcance todos os espaços”, detalha o diretor da aérea, mencionando ainda que os tão falados filtros Hepa que renova o ar na cabine a cada três minutos e elimina 99,9% das partículas de vírus e bactérias são trocados duas vezes mais rápido do que o recomendado pelo fabricante do filtro. Máscaras são obrigatórias durante todo voo.

É o que a companhia chama de Delta Care Standard, que você pode acompanhar neste vídeo.

BLOQUEIO DE ASSENTOS

Outro pilar é o bloqueio do assento intermediário nas fileiras, o que ocorrerá pelo menos até setembro. A Delta está voando com 60% de sua capacidade, muito embora órgãos como Iata e WTTC já tenham indicado que essa não é uma medida necessária. “No entanto, se dois ou mais passageiros sinalizam que querem viajar juntos, não há problema, desde que seja opção deles. O importante é que, em todas as classes dos voos Delta, só viaja com alguém ao lado quem quiser”, explica.

“Acreditamos nas recomendações de Iata e WTTC sobre o bloqueio do assento do meio, sabemos que é seguro voar mesmo em um ambiente cheio, mas agora estamos lidando com medo, insegurança. Nem todo mundo tem acesso a esses comunicados, então optamos pela redução da capacidade para manter o conforto e maior sensação de segurança. Em algum momento voltaremos a disponibilizar todos os assentos, mas só quando os próprios viajantes sinalizarem que podem voar assim sem temer o contágio”, pondera Fábio Camargo.

Mais norte-americanos do que brasileiros estão voando Delta entre Guarulhos e Atlanta neste início. Segundo o diretor, é difícil traçar um perfil exato, pois as cabines estão sendo preenchidas, nesta rota, por pessoas de dupla cidadania, visitas a familiares, estudantes, viajantes de lazer e profissionais de pequenas e médias empresas. Globalmente, 75% das empresas clientes da Delta voltaram a viajar, mas ainda assim tem mais gente viajando por outros motivos do que por trabalho neste momento.

A política de remarcação de bilhetes da Delta também está mais flexível neste momento de pandemia. As passagens podem ser trocadas em até um ano, sem cobrança de multa. Para quem comprou antes de a covid-19 se tornar pandemia, o prazo é de dois anos.

Em relação à procura, Camargo revela que está gradualmente aumentando, mas ainda no âmbito de consultas e cotações. “Já vemos pessoas confiantes, fechando compras, porém a maioria ainda está analisando, vendo as possibilidades. Curioso é que as vendas last minute estão saindo mais do que prevíamos, mas isso se trata de um perfil separado.”

Ele admite que globalmente a Delta será uma companhia menor, mais enxuta, e acredita que não está muito distante do restante dos players da aviação global. No Brasil não será diferente, e a Delta avalia caso a caso com os colaboradores para poder tomar decisões e se adaptar em relação a aposentadorias e demissões voluntárias.

DELTA E LATAM – MUDANÇAS QUE VIERAM PARA FICAR

Protocolos e bloqueio de assentos podem ser temporários, mas algumas mudanças vieram para ficar. Em setembro do ano passado, Delta e Gol deixaram de ser parceiras, e a norte-americana agora está lado a lado da Latam, não só em compartilhamento de voos, malhas e programas de fidelidade, mas também como acionista da empresa sul-americana.

Entre as mudanças já efetivadas da nova aliança está a troca de terminal em Guarulhos e os horários dos voos. Agora a Delta decola de Guarulhos a Atlanta às 22h55, cerca de duas horas mais tarde, por conta das conexões domésticas e sul-americanas da Latam. “Ainda assim, chega-se cedo em Atlanta, com possibilidades rápidas de conexão, do nosso hub, a 239 destinos que operamos em 33 países. Também alteramos a volta, que sai de lá às 18h55 e chega em Guarulhos às 5h40, também com as melhores possibilidade de acordo com a malha Latam no Brasil e na América do Sul”, aponta Camargo.

Em relação ao codeshare recém-anunciado entre a Latam e a Azul, Camargo se restringe a dizer que “como acionistas, tudo o que for bom para eles é bom para nós. Temos a total certeza de que a Latam está fazendo uma excelente gestão de crise nesta pandemia”.

RELAÇÃO COM O CORPORATIVO E O TRADE

Fabio Camargo ressalta que uma das prioridades durante o período de quarentena foi manter relação próxima com o cliente. Reuniões remotas, mas efetivas. “Somos conhecidos pela proximidade com nosso cliente. Tanto que no ano passado ganhamos prêmio da Abracorp na categoria companhia aérea internacional. Essa postura não mudou e não vai mudar, independentemente das circunstâncias, se existe ou não uma pandemia. Continuamos dividindo informação o tempo todo, levando conteúdo e consultoria. O próximo passo será levar o cliente ao aeroporto para eles verem com seus próprios olhos o porquê confiamos tanto em nossos protocolos.”

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