Da Redação   |   16/04/2024 12:56   |   Atualizada em 16/04/2024 13:03

Embratur pretende posicionar Brasil como protagonista Mice; veja como

Confira entrevista exclusiva com gerente de Turismo de Reuniões, Incentivos e Negócios, Alexandre Nakagawa

PANROTAS/Gute Garbelotto
Alexandre Nakagawa, da Embratur, no estande da PANROTAS na WTM Latin America 2024
Alexandre Nakagawa, da Embratur, no estande da PANROTAS na WTM Latin America 2024

Posicionar o Brasil como protagonista no segmento Mice está entre as diretrizes da nova gestão da Embratur. Para isso, em 2023, a Agência criou a Gerência de Turismo de Reuniões, Incentivos e Negócios Internacionais, comandada por Alexandre Nakagawa, que substitui Vaniza Schuler na posição.

Em entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS, durante a WTM Latin America, Nakagawa falou sobre a importância do Turismo de Negócios e Eventos para a economia e geração de emprego no Brasil, além do trabalho desenvolvido pela Embratur para avançar nas parcerias com as mais representativas associações do turismo Mice no País.

Confira a entrevista abaixo.

PORTAL PANROTAS – Por que o Turismo de Negócios e Eventos é tão importante para o Brasil?

Alexandre Nakagawa – O turista de negócios gasta quatro vezes mais que o turista de lazer. Em média, são US$ 95,17 por dia, segundo dados do Ministério do Turismo. Em períodos de baixa temporada no Turismo de lazer, como entre março e novembro (exceto férias do meio do ano), são os eventos que movimentam a economia das cidades.

PANROTAS – Quais são os planos da Embratur para o segmento Mice?

Nakagawa – A Embratur tem uma gerência totalmente dedicada ao Turismo Mice, que dialoga diretamente com toda a cadeia produtiva de eventos, seja ela internacional ou nacional. Nós estamos determinados em posicionar o Brasil como destino de eventos, tanto eventos técnico-científicos como esportivos, culturais e de entretenimento. O Brasil ocupa hoje a 22ª posição do ranking de destinos de turismo de negócios da International Congress and Convention Association (ICCA), mas já fomos o 7º país mais procurado do mundo (2009). Estamos trabalhando forte na construção de planos e meios para promover o país de infraestrutura excelente para eventos conjugados com os nossos cenários naturais e culturais.

PANROTAS – Como os grandes eventos impactam na economia do País?

Nakagawa – O Turismo de eventos vai muito além dos congressos. O show da Madonna é um bom exemplo. Ele vai acontecer em maio, no Rio de Janeiro, aproveitando o período com menos procura e quando as empresas do setor tem uma baixa na procura. Não é por acaso um evento como esse. A chegada de turistas internacionais no Rio deve crescer 27,3% na semana do show e a expectativa é que a ocupação da rede hoteleira da cidade chegue a 100%. Assim como o show da Madonna, eventos como Rock in Rio, Lollapalooza, Cúpula do G-20, GP de Fórmula 1 e tantos outros, transformam o Brasil em uma grande vitrine para grandes eventos.

PANROTAS – E de quais países estão vindos esses turistas?

Nakagawa – O Turismo de negócios e eventos tem uma boa fatia dos turistas internacionais que entram no Brasil. Países como Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai estão entre os países da América do Sul que mais enviam turistas para o Brasil. Mas em nossos monitoramentos, estamos vendo algumas mudanças de comportamento, como por exemplo a crescente de países como Colômbia e Peru. Inclusive, em fevereiro deste ano, Embratur e Sebrae promoveram os destinos brasileiros no Roadshow Visit Brasil que passou por cinco capitais sul-americanas: Montevidéu (Uruguai), Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru), Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia). Nosso objetivo é mostrar que o Brasil é, sim, um destino competitivo e que está preparado para receber os turistas.

PANROTAS – Quais as estratégias da Embratur para promover o Brasil como destino ideal do segmento Mice?

Nakagawa – A Embratur está trabalhando em várias frentes. Uma delas é o avanço na construção de programas junto às mais representativas associações de Mice no Brasil. Na WTM Latin America estamos assinando seis acordos de cooperação técnica (ACTs) com Abeoc, Abracorp, Alagev, Ampro, Ubrafe e Unedestinos. Falamos muito sobre potencial e esse é um importante passo para trabalharmos juntos na promoção do Brasil como destino excelente para eventos e, assim, transformarmos potencial em realidade. E esse é só o primeiro passo. Nenhum setor ficará invisível aos olhos da Embratur.

PANROTAS – O Turismo de Incentivo também está entre as estratégias de promoção dos destinos brasileiros?

Nakagawa – Com toda certeza. E essa é uma novidade no trabalho da Embratur. Seis em cada dez poltronas de aeronaves são pagas por empresas, segundo informações da Fecomercio. E o Turismo de incentivo é parte importante no cenário empresarial quando os colaboradores, parceiros e até os clientes são recompensados com viagens. Imagina ganhar uma viagem como recompensa de uma meta batida ou presentear seus maiores clientes com experiências inesquecíveis? Esse é o poder do Turismo de incentivo que motiva seus funcionários, parceiros ou clientes a cada vez mais baterem metas ou fidelizar com uma marca. E nessa gestão queremos fomentar cada vez mais viagens de incentivo para o Brasil.

PANROTAS – A sustentabilidade está entre as diretrizes colocadas pela nova gestão da Embratur?

Nakagawa – Dentre as diretrizes da gestão da Embratur, a sustentabilidade é um fator preponderante para a geração de novos negócios. Hoje, principalmente nos editais das feiras, inserimos critérios de sustentabilidade para movimentar o setor a implementar as práticas ESG e de sustentabilidade. Dessa forma, incrementamos a nossa vantagem competitiva na geração de negócios.

PANROTAS – Outra novidade divulgada no WTM Latin America é o lançamento do Programa de Apoio à Captação e Promoção de Eventos Internacionais. Como vai funcionar?

Nakagawa – O principal objetivo do programa é fomentar que mais eventos sejam sediados no Brasil por meio do apoio da Embratur aos atores da cadeia produtiva de eventos. E como seria esse apoio? A Embratur apoiará entidades em todas as fases da captação de um evento para o Brasil, seja nas visitas técnicas, confecção de dossiês de candidatura, cartas de apoio do presidente da Embratur e mais. Para eventos com sede no Brasil, faremos o apoio na promoção do destino brasileiro que sediará o próximo evento. É a Embratur contribuindo nas tomadas de decisão e promovendo o Brasil como destino excelente para eventos.

PANROTAS – Quais são as perspectivas do futuro do Turismo de Negócios e Eventos no Brasil?

Nakagawa – Temos um comando claro do presidente Marcelo Freixo que é trabalhar na busca de resultados efetivos para o Turismo brasileiro. Nesse contexto, falamos muito que o Brasil tem potencial, mas queremos converter o potencial na consolidação do País como referência na realização de eventos. Para isso, durante a WTM-LA estamos realizando um workshop para sensibilização sobre a importância do Turismo de eventos para gestores públicos e privados de regiões, estados e municípios com foco na criação de planos de ação para o segmento.

Estamos lançando o Programa de Apoio à Captação e Promoção de Eventos Internacionais e estreitando o relacionamento com as maiores associações do setor. Depois da fase de sensibilização, ativamos as ferramentas da Embratur com foco nos tomadores e formadores de decisão da cadeia produtiva de eventos promovendo, principalmente, a nossa infraestrutura, a logística e a excelência dos nossos serviços para eventos. O Turismo de Negócios e Eventos deve ser encarado como solução para a sazonalidade e como indutor para o incremento no número de turistas, geração de renda e empregos para o País.

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