Voetur celebra inovação com Payfly, mas repudia más práticas no mercado corporativo
TMC apoia as denúncias feitas pela Abav-DF sobre práticas de mark-up em licitações e concorrências

O fundador e presidente do Grupo Voetur, Carlos Alberto de Sá, falou com a PANROTAS sobre o momento de inovação da empresa, que tem como CEO seu filho Raphael. Nos últimos meses, a Voetur lançou um programa de fornecedores preferenciais, hoje com 50 já ativos (e meta de 150), criou o Voetur Conecta, primeira edição de um evento para parceiros estratégicos, e apresentou sua travel tech, a Payfly, que aponta os caminhos de inovação seguidos pelo grupo.
“Inclusive alguns fornecedores já se tornaram clientes da Payfly e da Voetur Eventos”, disse o sócio-diretor Humberto Cançado. Na Abav Expo, inclusive, a Voetur Eventos cuidou da montagem e logística de alguns desses clientes/fornecedores.
A grande quebra de paradigma de tudo isso foi mesmo o lançamento da Payfly, mostrando que a empresa tem investido em inovação e abre o leque do público que pode atingir. “É uma oportunidade do Grupo Voetur, da Voetur Viagens, entrar também no mercado de pequenas e médias empresas, com uma solução de viagens, crédito e financeiro. Por trás, nós temos uma fintech. Essa fintech faz a análise de crédito daquele potencial cliente. Ela assume esse risco, libera o crédito dessa pessoa, essa empresa usa esse crédito para usar a nossa plataforma”, explica Cançado. E tudo, segundo ele, “com IA integrada, BI integrado, condições incríveis, excelentes”. É um marketplace completo para o viajante corporativo, garante ele.
A Payfly já conta com 15 clientes em implantação. “Foi uma surpresa pra gente, não esperava já no primeiro ter essa demanda.”
O presidente do grupo, Carlos Alberto de Sá, se mostra confiante e satisfeito com o caminho definido por Raphael, Humberto e demais diretores, que incluem duas filhas suas: Ana Paula Sá, diretora administrativa do Grupo Voetur, e Nathália Sá, diretora comercial da Voetur Viagens.
“Toda essa tecnologia é uma oportunidade que a gente, na minha geração, não tive. Estamos vendo oportunidades e mudanças que podem mudar o mundo, que já estão mudando. O Humberto tem feito um trabalho antenado em busca de soluções inovadoras para atender toda a nossa clientela e buscando sempre inovar. Então eu aplaudo a iniciativa dele de lançar a Payfly”, analisa Carlos Alberto de Sá.
Ele também elogia a capacidade do filho de procurar por novidades e inovações também fora do Turismo. Hoje o grupo atua em áreas como o agro, mobilidade, aviação e cargas. O Turismo responde por 40% do total. Em Viagens e Turismo, o grupo tem empresas e marcas como VIP Service, de receptivos, Meu Clube de Viagens, Voetur Consolidadora, Total Asist, Voetur Operadora, a TMC e agora a Payfly, entre outras.

Mercado dinâmico... e polêmico
Perguntado como vê o Turismo atualmente, especialmente o segmento de Viagens Corporativas, Carlos Alberto de Sá opinou brevemente, mas passou a bola para Humberto Cançado comentar especialmente a questão dos descontos irreais criados por markups e práticas pouco éticas de concorrentes.
“A nossa preocupação com esse mercado é a facilidade que os players hoje têm de competir. A tecnologia que deveria estar favorecendo uma distribuição justa está fortalecendo práticas como o markup”, diz Carlos Alberto de Sá, em meio às denúncias da Abav-DF de que licitações e concorrências são ganhas com descontos irreais e preços de aéreos menores que nas próprias empresas aéreas. Aéreas essas que já disseram que não colaboram ou compactuam com essas práticas.
Humberto Cançado explica que o fim dessas práticas requer uma colaboração entre todos os players: TMCs, entidades, empresas aéreas e self-booking tools.
“As companhias aéreas e os selfbooks têm uma responsabilidade também de deixar transparente no mercado que esses descontos que estão sendo oferecidos hoje no mercado privado e no mercado público, ou as taxas muito baixas e até negativas, que isso é irreal.”
Humberto Cançado

Mas a prática do markup, que não é nova no mercado, hoje se concentra mais entre os novos players ou está disseminada em todo tipo de TMC? Para Cançado, é no mercado em geral, só que agora mais fácil de fazer, por causa da tecnologia. “A Abav-DF foi pioneira e corajosa em fazer essa denúncia.”
A associação divulgou diversos exemplos de licitações com descontos de até 55% nas passagens aéreas e também cartas de Azul, Gol e Latam dizendo que não compactuam com esses valores. A PANROTAS, durante a Abav Expo, no Rio, na semana passada, falou com Gol e Latam, que mantiveram o posicionamento.
Mas e quando a licitação exige o menor preço? “Ele teria de ser na taxa de serviço, e não em tarifas irreais markupeadas”, explica Cançado.
“A remuneração do agente de viagens, que na nossa época vinha da comissão, passou a ser a taxa de serviço, e eles descobriram que a taxa de serviço pode ser zerada, porque existe a facilidade de você fazer o mark-up. É você pegar o robô ali e jogar um preço, sem transparência nenhuma. Nossa luta é pela transparência”, continua o sócio-diretor da Voetur.
“O bilhete aéreo, eletrônico, é uma nota fiscal. Fraudar esse bilhete é fraudar uma nota fiscal. A Receita Federal reconhece o bilhete aéreo como um documento fiscal. Então se a ferramenta de self-booking permite a edição de um documento fiscal, está permitindo uma manipulação.”
Humberto Cançado
Para ele, está na hora de todos os players sentarem e assumir responsabilidades. “É uma vergonha o que acontece nesse mercado. Não podemos normalizar essa prática.”
A Abav Nacional e a Abracorp também se manifestaram contra as práticas de markup e concorrência desleal em entrevistas à PANROTAS.